Edital da Finep para startups oferece até R$ 400 milhões em quatro anos
A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), braço de fomento do MCTIC, lançou o primeiro edital do Finep Startup, que fica disponível no site da instituição nesta terça-feira (27). O objetivo é auxiliar empresas que estejam em fase final de desenvolvimento do produto, para colocar no mercado, ou que precisem ganhar escala de produção.
A chamada pública deve apoiar 50 empresas por ano em duas rodadas de investimentos – em cada uma, 25 empresas serão selecionadas. De acordo com o presidente da Finep, Marcos Cintra, a expectativa é que o programa ofereça até R$ 400 milhões em quatro anos. “A Finep está na gênese do pensamento sobre capital de risco no Brasil. Este programa cumpre uma missão de mais de quinze anos de história”, contou Cintra.
O apoio deve se concentrar nas seguintes áreas temáticas: educação, cidades sustentáveis, fintech – junção de finanças com tecnologia –, Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês), economia criativa, energia, defesa, mineração, petróleo, manufatura avançada, biotecnologia, tecnologia agrícola, química e modelagem da informação da construção (BIM, na sigla em inglês).
Cintra lembrou que a Financiadora já apoia startups via fundos de investimento em participações (FIPs), dos quais associa-se como cotista. Mas, com o Finep Startup, passa a investir diretamente nas companhias, aportando conhecimento e recursos financeiros por meio de participação no capital de empresas em estágio inicial, com faturamento anual de até R$ 3,6 milhões.
Na avaliação do presidente da Finep, o programa proporciona um instrumento ágil para a contratação das propostas, já que o investimento se daria por meio de contrato de opção de compra de ações e poderia chegar a R$ 1 milhão, baseado no plano de negócios da startup. “Temos feito esforços que buscam reduzir o custo para grandes e pequenas empresas. Em tempos de contenção fiscal, iniciativas assim são importantes para superar de forma criativa e propositiva as dificuldades econômicas pelas quais o Brasil vem passando”, ressaltou.
Exigências
Para contribuir para que as empresas cheguem ao mercado, o Finep Startup selecionará companhias com protótipo, Produto Viável Mínimo (MVP, na sigla em inglês), prova de conceito ou, preferencialmente, já realizando suas primeiras vendas. Esse tipo de contrato transforma a investidora – no caso, a Finep – em uma potencial acionista da empresa. A opção de se tornar sócia da startup terá prazo de até três anos, prorrogável por mais dois anos.
Se a empresa for bem-sucedida, a agência pode exercer essa opção. Caso a empresa não seja bem-sucedida na execução de seu plano de crescimento e não alcance o estágio de maturidade esperado, a Finep não exerceria a prerrogativa, minimizando potenciais passivos por um lado, e compartilhando o risco inerente ao processo de inovação por outro. O modelo, inédito na esfera pública no Brasil, é inspirado em programas de outros países, particularmente dos Estados Unidos, mas incorporou inovações.
Recursos privados
De acordo com Marcos Cintra, um dos objetivos é atrair mais recursos privados para investimento em inovação. Por isso, o programa priorizará empresas aportadas por investidores-anjo – critério que valerá pontos na seleção.
O investidor-anjo que se comprometer a investir na empresa selecionada pelo edital receberá parte do retorno em excesso da Finep (que exceder IPCA + 10), para ampliar o engajamento do investidor privado com o sucesso da empresa. Esse percentual será proporcional à participação do anjo na rodada de investimento.
Além da alavancagem de recursos, a atração de investidores privados é fundamental para o sucesso do empreendimento, uma vez que eles também agregam conhecimento ao negócio. “As startups não necessitam somente de recursos financeiros, mas também de auxílio em questões relevantes para o futuro do negócio, como governança e gestão”, explicou o presidente da Finep.