Gestão de pessoas: o desafio de cuidar do equilíbrio mental na pandemia de Covid-19
Em sua sétima semana de isolamento, trabalhando de casa, a presidente da SAP Brasil, Cristina Palmaka, contou em um bate-papo virtual com jornalistas, realizado nesta quinta-feira, 30/04, que a nova rotina tem sido uma experiência única e que sem a tecnologia hoje disponível teria sido muito pior.
Na SAP, apesar de a prática de trabalho remoto já estar consolidada, a quarentena demandou uma maior preparação da companhia em todos os aspectos, da continuidade dos negócios à gestão das pessoas. “O mais bacana é olhar as ferramentas que estamos disponibilizando e que estamos promovendo conversas francas e aberta com as pessoas. Acho que vamos nos sair melhores como companhia e como pessoas”, frisou.
Como qualquer pessoa em distanciamento social, Cristina Palmaka contou que tem dias melhores e outros piores. Tenta manter uma rotina com várias reuniões com vídeo, para que, vendo quem está do outro lado, todos se sintam mais acolhidos. Na vida pessoal, amante da corrida,recorre à esteira para manter o seu hábito.
“O momento é de muita incerteza e isto sempre deixa as pessoas preocupadas e ansiosas; e cada um reage de uma forma, não tem uma única coisa que funciona . Conseguimos mostrar que, mesmo estando fora dos escritórios, tudo funciona, fizemos contratações, hoje falei com jovens que entraram durante o período de quarentena”, contou, explicando que a chave do sucesso foi estabelecer uma comunicação transparente e contínua com o time.
Há também o comitê de crise que se reúne profissionais de diversas áreas para explorar as diferentes vertentes e consequências do isolamento. Agora, este grupo discute como retomar às atividades e uma decisão já foi tomada: a volta não ocorre em maio. “Nós demos esta sinalização às pessoas, que não voltamos em maio — e isto foi antes de qualquer decisão do governo. Também falamos abertamente que pode ser que a data seja estendida. Vamos dando visibilidade a todos do que estamos fazendo.” A SAP não registrou caso de funcionários com Covid-19.
Tatiana Pimenta, CEO da Vittude, startup que oferece apoio psicológico e que tem parceria com a SAP para que os funcionários usem o serviço com 50% de desconto e é parte do projeto Algoritmo da Vida, anunciado no SAP NOW Brasil, em setembro passado, reforçou que as pessoas precisam estar bem para cuidarem-se umas das outras, do time. “Precisamos entender como está o outro. Monitoramos como está o nível de estresse em 120 empresas e observamos que ele vem aumentando semana a semana. Você estressa um corpo quando você coloca pressão e estamos, semana a semana, colocando cargas”, disse.
A Vittude nasceu com o conceito de conectar pessoas a psicólogos e, nos últimos dois anos, passou a atender muitas companhias que buscavam promover a saúde mental de seus colaboradores. “Auando a empresa subsidia parte da consulta, fica mais acessível para o colaborador, porque é um serviço que não é barato. Para as companhias, observa-se uma redução de custos, porque tem redução de sinistros e de uso de plano de saúde, além de redução de turn over e aumento de receita, porque equipes mais felizes batem mais metas”, explicou. Tatiana Pimenta viu as solicitações de propostas e de reuniões no segmento corporativo aumentar na casa dos 300% nas últimas sete semanas, período da quarentena no Estado de São Paulo.
Acelerando transformações
O momento de isolamento social aportou diversos desafios para muitas organizações, principalmente, aquelas que não estavam avançadas na digitalização e que não tinham práticas como as de trabalho remoto. Está havendo, ressaltou Cristina Palmaka, uma mudança cultural grande que vem acelerando muitas empresas no digital. “Temos varejistas que não queriam e-commerce e que agora estamos fazendo reuniões por videoconferência para mostrar as ferramentas”, exemplificou.
Outra mudança deve ser com relação à troca de viagens para reuniões por videoconferência. Sobre as lições que a pandemia deixa, Palmaka se mostrou esperançosa de que, ao fim de tudo, as pessoas levem consigo empatia e solidariedade. “Deu uma chacoalhada em tudo. Todos estamos revisitamos tudo e vendo as priorizações”, disse. E para o mercado corporativo, a expectativa é que modelos de negócios diferentes surjam. Ainda conforme a presidente da SAP Brasil, não houve nenhum caso de Covid-19 entre os funcionários da SAP no Brasil, incluindo o laboratório, em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, com mais de 1000 desenvolvedores.