Carreira

GSMA: Diferença entre mulheres e homens preocupa na América Latina

A participação das mulheres no mercado de tecnologia da informação e comunicação (TIC) precisa aumentar tanto no Brasil quanto no mundo, seja como consumidoras ou usuárias. Quais ações são necessárias para incrementar o porcentual das mulheres nos cargos de direção e as razões que dificultam esta ascensão foram debatidas em painel da sessão temática realizada nesta terça-feira, 22/05, durante o Painel Telebrasil 2018, que ocorre nesta semana, em Brasília.

De acordo com dados do relatório The Mobile Gender Gap Report 2018, da GSMA (associação global do ecossistema móvel), apresentado durante a sessão, é 15% menos provável que uma mulher possua um smartphone do que um homem no Brasil. A diferença está acima da média global e que a dos países em desenvolvimento, onde a probabilidade de mulheres possuírem aparelhos móveis é 10% menor do que a dos homens.

Paula Ferrari, diretora de marketing da GSMA, comentou sobre a pesquisa mostrou que que mulheres portando aparelhos celulares se sentem mais conectadas, seguras, independentes e conseguem aportar dinheiro pela tecnologia móvel. “A conclusão mais importante é que menos mulheres possuem telefones móveis que homens e menos ainda usam internet”, disse. Globalmente, a brecha de acesso à tecnologia digital entre as mulheres é de 10% e de uso de 26%, enquanto no Brasil, o porcentual da brecha de uso é de 2% nas zonas urbanas, mas de 32% nas rurais. “Vemos esta discrepância em toda América Latina.”

Ferrari apontou que as barreiras de acesso à tecnologia digital para fechar a brecha de gênero móvel passam pelo custo do terminal e de serviços de internet; acessibilidade (como cobertura e eletricidade); proteção contra roubo; cultura; e conteúdo relevante. “Não há mulheres desenvolvendo tecnologia e nem conteúdos para tecnologia”, pontou.


Para que esta lacuna seja preenchida, são necessárias ações como o “Dia Internacional das Meninas em TICs”, data tem como foco mostrar o valor das mulheres na área e busca encorajar mais meninas a planejarem carreiras no setor, como o acesso à educação de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM, na sigla em inglês). “A Anatel apoiou o evento da UIT que comemora as mulheres nas TICs. É preciso e construir pontes e o caminho é pela educação”, salientou Amélia Alves, ouvidora da Anatel, acrescentando que a mudança cultural passa pelo processo de aprendizagem.

Do lado companhias, políticas empresariais, como licença maternidade, espaços para amamentação e fomento à troca de experiências para que as mulheres encontrem orientação e apoio umas nas outras, servem como estímulo para a redução de evasão feminina. Além disto, como destacou Camilla Tapias, vice-presidente para assuntos corporativos da Telefônica, fomentar a diversidade nas empresas é uma questão de pensar os negócios no longo prazo.

A Vivo lançou programa de diversidade focado em quatro pilares: gênero, raça, pessoas com deficiência e LGBT. Para as mulheres, a meta é aumentar a presença feminina entre a força de trabalho e no nível de diretoria. “O objetivo é claro: levar mulheres para o patamar de 30% em cargos de direção até 2020, hoje estamos com 18%. O grupo tem esta meta para todos os países. O caminho da escalada feminina para o topo das empresas é difícil e temos de atacar a causa-raiz”, pontuou.

Na mesma linha, Maria Teresa Azevedo Lima, diretora-executiva da Embratel, lembrou que o entrave começa na graduação com pouca presença feminina em cursos como ciências da computação, engenharia, áreas econômicas e da saúde. “Estou há 19 anos na Embratel. As mulheres são 34% da força de trabalho e de cada três gestores que temos, um é mulher”, apontou. Para ela, a resolução da lacuna entre homens e mulheres passa por políticas públicas que incentivem as meninas a escolherem tais áreas de graduação. “O gap precisa ser enfrentado com diálogo e com participação das organizações, do poder público e de políticas adequadas.”

A Ericsson é mundialmente reconhecida por políticas que promovam a igualdade. “Quando o fundador saiu do país para expandir internacionalmente, a esposa dele ficou tocando a empresa na Suécia”, contou Georgia Sbrana, VP de marketing e comunicação da Ericsson. “Na Suécia, a força feminina é acima de 50%; globalmente, a meta é ter 30% da força de trabalho feminina. Hoje, no Brasil, estamos em 24%”, disse.nOutra política da multinacional é fornecer licença maternidade de um ano e paternidade de seis meses, corroborando que a função de criar filhos é do casal.

No campo público, a composição tende a ser mais igualitária, uma vez que os contratados entram por concurso público, lembrou Elisa Leonel, superintendente de relações com o consumidor da Anatel. “Na Anatel, 24% da força trabalho é feminina e as mulheres ocupam 20% dos cargos gerenciais”, disse, citando como uma das dificuldades para a ascensão de mulheres a não substituição de assessores. “Se a mulher engravida e sai de licença, não ninguém entra no lugar.”

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