IBGE: Home office recua pelo segundo ano seguido para 7,9% dos trabalhadores
Pico foi em 2022, com 8,4% dos empregados em teletrabalho. Em 2024, eram 7,9%.

O trabalho em casa, que ganhou força durante a pandemia de covid-19, voltou a perder espaço no mercado de trabalho brasileiro. Dados divulgados pelo IBGE nesta quarta, 19/11, mostram que caiu a proporção de trabalhadores em home office no país pelo segundo ano consecutivo.
A fatia de trabalhadores em regime de teletrabalho recuou de 8,4% em 2022 para 8,2% em 2023, chegando a 7,9% em 2024. Em 2024, 6,6 milhões de pessoas trabalhavam no modelo de home office. Em 2022, eram 6,7 milhões. O levantamento integra uma edição especial da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), que compila dados anuais desde 2012, com exceção de 2020 e 2021, quando a pandemia inviabilizou a coleta presencial.
O estudo considera um universo de 82,9 milhões de trabalhadores, excluindo empregados do setor público e trabalhadores domésticos. A classificação de “trabalho no domicílio” abrange também quem atua em espaços de coworking.
Segundo o analista do IBGE William Kratochwill, o home office “arrancou” após a pandemia — e os dados confirmam a avaliação. Em 2012, apenas 3,6% dos trabalhadores atuavam em casa. Em 2019, a proporção subiu para 5,8% e atingiu o pico em 2022, com 8,4%. Apesar das quedas recentes, o indicador permanece acima dos níveis pré-pandemia.
As mulheres continuam sendo as principais usuárias do modelo remoto. Elas representavam 61,6% dos trabalhadores em home office em 2024. Proporcionalmente, 13% delas atuavam nessa modalidade, contra 4,9% dos homens.
A redução do trabalho remoto tem provocado conflitos no ambiente corporativo. No início de novembro, o Nubank anunciou a diminuição progressiva de jornadas em casa, decisão que — segundo o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região — resultou na demissão de 12 funcionários.
Em março, empregados da Petrobras também realizaram uma paralisação contra mudanças nas regras de teletrabalho, entre outras reivindicações.
O estudo mostra ainda que o trabalho realizado dentro de veículos cresceu de forma consistente — de 3,7% em 2012 para 4,9% em 2024. O avanço reflete a expansão de serviços de transporte por aplicativo, como Uber e 99, além da popularização de food trucks. Nesse segmento, há uma forte predominância masculina: 94,6% dos trabalhadores são homens.
A pesquisa detalha os locais onde a população ocupada exerce suas atividades. Em 2024, a maior parte dos trabalhadores, 59,4%, atuava no estabelecimento do próprio empreendimento. Outros 14,2% realizavam suas funções em um local designado pelo empregador, enquanto 8,6% trabalhavam em fazenda, sítio ou chácara.
O domicílio de residência era o local de trabalho de 7,9% dos ocupados, e 4,9% exerciam suas atividades em veículo automotor. Além disso, 2,2% trabalhavam em via ou área pública, 1,6% em estabelecimento de outro empreendimento, 0,9% na casa do empregador e 0,2% em outros tipos de locais.
Para Kratochwill, o cenário atual é de acomodação após o boom do home office provocado pela pandemia. “A modalidade recuou, mas ainda está acima do que tínhamos antes do período pandêmico e das novas tecnologias”, afirma.



