Jovens elegem informática e idiomas como cursos preferidos
Um bom currículo abre muitas portas – isso não é novidade para nenhum trabalhador. Porém, para os mais jovens, a preocupação em demonstrar suas habilidades por meio deste documento é ainda maior: em tempos de mercado acirrado, o desemprego afeta, principalmente, aqueles que estão na faixa etária de 14 a 24, conforme aponta a 62ª edição do Boletim Mercado de Trabalho, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Mesmo entre as vagas voltadas exclusivamente para estudantes, nas quais o quesito experiência não é obrigatório, conseguir se sobressair passa, sobretudo, pelo crivo de uma boa apresentação profissional. E nesse momento, as habilidades mais valorizadas e desejadas pelos candidatos são a fluência em um idioma estrangeiro e o domínio de tecnologias. É o que revela um estudo realizado pela Companhia de Estágios, consultoria e assessoria especializada em programas de estágio e trainee, que ouviu 2.193 estudantes de todas as regiões do Brasil.
A pesquisa revelou que tais modalidades foram a principal escolha daqueles que conseguiram investir na carreira no último ano. Da mesma forma, os que se viram impossibilitados pelo baixo orçamento, também apontaram tais especializações como principal aspiração para melhorar o currículo. De acordo com especialistas, tal anseio está relacionado, principalmente, à crise do emprego: segundo o Ipea, essa parcela da mão de obra ainda apresenta a maior queda (de 3,6%) no rendimento médio real em relação ao ano anterior, e as vagas melhor remuneradas estão voltadas, justamente, para aqueles que possuem um segundo idioma e maior habilidade com ferramentas digitais.
Um levantamento realizado pela Companhia de Estágios – consultoria e assessoria especializada em programas de estágio e trainee – revela que mais de 40% dos jovens tiveram que adiar os planos de uma especialização devido à crise em 2016, no entanto, entre aqueles que conseguiram investir na carreira, 36,9% decidiram se aprimorar dentro da própria área, seguidos por mais de 30% que realizam um curso de idioma e 16,6% que optaram pela informática. A participação em trabalhos voluntários ou atividades sociais para enriquecer o currículo configurou apenas 10% das respostas.
Segundo Rafael Pinheiro, gerente de Recursos Humanos, esse quadro demonstra que os jovens estão preocupados em acompanhar duas áreas em ascensão no mundo corporativo: “Atualmente existe uma demanda crescente de profissionais que tenham conhecimentos em outras línguas. Isso é notável através do grande número de transações comerciais internacionais no mercado de trabalho. Além disso, diante de todos os avanços tecnológicos, dominar a área de informática, se tornou fundamental mesmo para aqueles que não atuam na área de TI. Um profissional visionário, que deseja desenvolver sua carreira, busca sempre por atualizações”.
Tiago Machivian, diretor da Companhia de Estágios, explica que determinadas profissões exigem um nível maior de inglês, além disso, as vagas que possuem essa demanda geralmente oferecem uma remuneração mais atrativa e maiores benefícios. Para o especialista este é um investimento fundamental, especialmente no caso dos jovens que estudam e recorrem ao estágio para conciliar o aprendizado na sala de aula ao desenvolvimento profissional, pois a prática de outras línguas é considerada um diferencial e pode ajudar a se destacar dos demais concorrentes e, até mesmo, a conquistar a efetivação no cargo.
O especialista explica que, segundo o estudo, quando se trata do perfil profissional, o idioma aparece como um ponto bastante relevante: “De acordo com os dados, mais de 60% dos jovens gostariam de ser fluentes em alguma língua estrangeira, e, de maneira bem mais discreta, o domínio de tecnologias também se destaca como uma característica desejada para 15% dos entrevistados. Esses resultados indicam que os candidatos já estão cientes da importância desses requisitos e sabem que, para projetar uma carreira sólida e garantir uma oportunidade é preciso aprimorar esses conhecimentos”.
Estrangeirismos no dia a dia
Outro ponto relevante é que, quem lida constantemente com as ferramentas tecnológicas, obrigatoriamente passa por uma interação com vários termos estrangeiros, especialmente os provenientes da língua inglesa. De forma adaptada ao português ou na versão original, esses termos já fazem parte da rotina de muita gente, que os utilizam, muitas vezes, sem saber seu significado literal. É preciso tomar cuidado apenas com algumas pegadinhas, como os falsos cognatos – palavras que soam familiar e que, muitas vezes, a grafia até se assemelha a alguma palavra do português, no entanto, o significado é totalmente diferente. Eles podem confundir e, até mesmo, atrapalhar na hora de executar alguma tarefa digital. Para evitar qualquer confusão ou constrangimento e também facilitar a interação com as novas tecnologias, ter uma base em outras línguas é de extrema importância, especialmente no ambiente profissional.
Para ampliar as oportunidades no mercado de trabalho, antes de mais nada, é necessário redobrar os cuidados em relação a nossa língua materna. Muitos jovens concentram seus esforços apenas no aprendizado de outros idiomas e se esquecem de que ter uma boa comunicação e uma escrita clara não só é fundamental, como também pode fazer toda a diferença na vida profissional. Dominar o português, tanto na oralidade quanto na gramática demonstra que o candidato está preparado para lidar com os mais diversos públicos da organização, inclusive os mais exigentes, por isso é imprescindível saber contextualizar e eliminar as gírias do vocabulário.
Esses cuidados são importantes tanto para participar da entrevista de emprego quanto para atuar ativamente no trabalho. Além disso, alguns processos seletivos, para testar as habilidades dos candidatos, pedem o desenvolvimento de uma redação, que pode avaliar a objetividade, exposição dos argumentos, clareza de ideias, raciocínio lógico e domínio em temas específicos. Para se preparar e garantir o sucesso nessa etapa, alguns hábitos, como o de leitura, podem ajudar muito. É preciso ainda saber se desprender da linguagem informal e abreviada usada nas redes sociais, e ter em mente que o momento exige um pouco mais de formalidade.