Mercado de trabalho: Lacunas de habilidades distanciam patrões e profissionais
Um estudo feito pela Udemy, marketplace global de ensino online, mostra a relação entre as habilidades das pessoas que estão buscando trabalho e as qualificações exigidas pelos empregadores. Essa relação foi chamada de lacuna de habilidades. Dos mil entrevistados, 72% sentem que são afetados por ela e 95% dos brasileiros reconhecem que ela existe no país.
“Não é um problema só do Brasil, é global. No entanto, por aqui essa lacuna é mais profunda. Um dos principais motivos que resultam nesse sentimento do brasileiro é a educação básica deficitária”, afirma Sérgio Agudo, diretor da Udemy Brasil. Apesar de o país apresentar essa disparidade, o profissional daqui identifica esse problema e sabe que está defasado em relação ao que o empregador espera dele – e pode tomar medidas para se capacitar cada vez mais.
“O Brasil está saindo de recessão, que é um fator considerável, e o empregado tem uma sensibilidade maior sobre os riscos, como perder emprego para um profissional mais jovem, ganhando menos e fazendo mais do que ele. Então, em um período pós-recessão, principalmente, é positivo ter essa noção de que precisa correr atrás. Em alguns países essa lacuna não é percebida e isso é um problema e aí o empregado fica estagnado, fica na sua zona de conforto e perde oportunidades”, afirma Agudo.
A chegada da tecnologia transformou o mercado de trabalho em vários aspectos: novas funções, novas ideias e novos empregadores. “A tecnologia vai ditar as normas e vai transformar ainda mais as indústrias no Brasil e fora do país. E nesse novo contexto cada vez mais as soft skills [as habilidades comportamentais] vão se destacar. Qualquer indústria nessa nova fase vai precisar de profissionais com essas habilidades. A carência é alta e as soft skills têm peso muito grande para o empregador. É uma tendência forte no país”, diz. É claro que a necessidade por profissionais com as chamadas hard skills, que são as habilidades técnicas, continuará existindo. Mas a demanda por soft skills vai ser gigantesca, preconiza Agudo.
O estudo mostra, ainda, que 76% dos entrevistados consideram o mercado de trabalho brasileiro competitivo ou altamente competitivo. Mas Agudo pondera e explica que antes do país ser competitivo tem outros problemas que são prioritários como o acesso à educação básica e de qualidade. “A verdade é que está todo mundo nivelado por baixo. No Brasil o profissional lida com o básico de aprendizado. É uma competição de outro nível em relação a países como França e Alemanha, por exemplo. O Brasil é pequeno no resultado do mercado global”, diz.
No entanto, o diretor da Udemy Brasil acredita que em 2019 o mercado brasileiro voltará a se aquecer. “Temos uma capacidade de investimentos reprimida, esperando a atuação do novo governo. Mas acredito em uma melhora. É difícil prever qualquer coisa no Brasil, mas os sinais são otimistas. O profissional brasileiro está mais atento às possibilidades e oportunidades seja para mudar de carreira, mudar de emprego ou aproveitar uma promoção”, afirma.
*Com reportagem do portal Info Money