Cloud

Bradesco: nuvem traz a experiência ‘Netflix’ aos clientes

O caminho para a nuvem é irreversível, mesmo para bancos tradicionais com um legado on-premises construído ao longo de décadas. Dois dos maiores bancos brasileiros – Bradesco e Itaú Unibanco – estão nessa jornada há algum tempo, mas ainda enfrentam uma série de desafios.

Falando de seus objetivos, a diretora de infraestrutura do Bradesco, Cintia Barcelos, explicou que o banco está sempre em busca da melhor experiência para o cliente e que a tecnologia é o melhor caminho. Isso porque o atual perfil de cliente busca o que ela chama de “experiência Netflix”, com uma jornada fluida, intuitiva e personalizada.

Na busca por essa experiência, o Bradesco vem apostando em três pilares: aceleração digital, com uso intensivo de Inteligência Artificial e analytics; criação de plataformas digitais para diferentes tipos de clientes; e o Open Finance, que promete potencializar os dois primeiros. “Tudo isso é viabilizado pela nuvem”, disse.

Mas a jornada não é simples. Para Cintia Barcelos, o principal desafio enfrentado por sua equipe atualmente é conhecimento em cloud. Portanto, ela está buscando profissionais com conhecimento de mercado, trazendo pessoas de outras áreas do banco para trabalhar com nuvem e, também, investindo na formação de seu time e em parcerias com empresas especializadas. A executiva ressaltou que o Bradesco conta hoje com parceiros trabalhando em diversos projetos e que estes são escolhidos de acordo com os workloads.


“Outro desafio relacionado ao conhecimento é a gestão multicloud, que nos obriga a treinar profissionais em mais de uma tecnologia, o que é fundamental para fazer a orquestração de workloads que rodam em mais de uma nuvem”, disse. Para orquestrar diferentes ambientes – em nuvem e on-premises – o banco conta hoje com um programa de resiliência que planeja os projetos como um todo.

Ela destacou ainda outros dois pontos de atenção. O primeiro, e vital, é a necessidade das áreas de negócio e de TI trabalharem juntas nesses projetos, o que ajuda a definir o foco no que precisa ser priorizado. Outro ponto é a arquitetura, que define como cada workload será levado para a nuvem com a mesma segurança e governança existentes no ambiente on-premises.

Tudo isso sem deixar de lado a centralidade do cliente, que é o que vai definir a priorização dos projetos e o que é importante para se criar uma jornada simples, fluida e personalizada. Com estas premissas, atualmente todos os novos projetos do Bradesco já nascem em nuvem, dentro da estratégia chamada Cloud First. “Depois, queremos inovação e time-to-market e para isso estamos modernizando nossos canais”, afirmou.

Sobre o core, Cintia lembrou que é preciso respeitar os investimentos já feitos ao longo de décadas, o que faz com que seja migrado para a nuvem apenas o que faz sentido naquele momento e que entregue valor ao longo do caminho. Esta definição também leva em conta o custo. “Se fizer nuvem da mesma forma que faz on-premises, a conta não fecha. A nuvem demanda finOps, que avalia consumo, recursos, previsibilidade de consumo.”

Itaú Unibanco

O CTO (Chief Technology Officer) do Itaú Unibanco, Fábio Napoli, vai no mesmo caminho de Cintia, lembrando que cloud é um tema estratégico para a instituição e que todo movimento feito nesse sentido tem o objetivo de melhorar a experiência do cliente, o que passa necessariamente por tecnologia.

“Estamos falando de modernização de plataforma, que permita entregar de maneira mais rápida o que o cliente precisa e para isso precisamos saber qual o problema que vamos resolver, e essa é a agenda de dados. Entender a necessidade para entregar de forma correta”, afirmou, lembrando haver um enorme desafio em dados, que vai além da parte técnica: fazer a migração criando uma visão única do cliente.

Do ponto de vista de talentos, a jornada também é complicada, porque ela exige novos talentos e a preservação dos antigos. “Temos que trabalhar na modernização e manter o legado, que ainda roda o banco”, diz. Para isso, o Itaú Unibanco iniciou um programa de formação e certificação que já atendeu mais de 2 mil colaboradores.

Mesmo com esses desafios, o Itaú Unibanco conta hoje com 30% de sua plataforma modernizada, com alta disponibilidade e sendo operada por profissionais do próprio banco formados nos últimos dois anos. Nápoli reconhece as dificuldades desse processo, mas diz que o resultado tem sido fantástico. “Por exemplo, lançamos o PIX 100% em cloud e, quando olhamos hoje o resultado, vemos que uma mudança, que no legado demandaria um projeto, na nuvem se torna uma adequação de produto. O que levaria semanas ou meses é feito em minutos ou horas”, enfatizou.

Para colher estes resultados, no entanto, é preciso superar o desafio de escolher o que modernizar e por onde começar. Geralmente, a escolha recai sobre o que vai gerar mais valor para o cliente e sua execução depende de colaboradores e parceiros com um novo mindset, principalmente os parceiros.

“Deixamos de ter fornecedores para termos parceiros na jornada. O papel do fornecedor é entender o que será daqui para frente. Não é mais uma venda transacional, mas uma jornada de longo prazo em que ele precisa nos ajudar com várias disciplinas”, explicou, ressaltando tratar-se de uma mudança irreversível.

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