Com R$ 3 bilhões, Rio Grande do Sul quer ser polo nacional de IA
A cidade de Eldorado do Sul, uma das mais atingidas pela enchente no Rio Grande do Sul, foi a escolhida para sediar o primeiro distrito industrial de data centers do país. A iniciativa terá aporte inicial de R$ 3 bilhões e é resultado de um acordo firmado entre o governo do Rio Grande do Sul e a Scala Data Centers.
Objetivo é permitir que o Brasil se posiciona como um polo de desenvolvimento de inteligência artificial. A ‘cidade dos data centers, ou Scala AI City, será implantada em uma área estratégica em Eldorado do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre. A escolha do local se deve à sua segurança comprovada em relação a desastres naturais (inclusive diante de eventos climáticos), à abundante oferta de energia elétrica e à capacidade imobiliária que permite uma expansão contínua por décadas.
O empreendimento será interligado ao data center SPOAPA01 da Scala, localizado em Porto Alegre, que se beneficia de uma infraestrutura de conectividade de baixa latência e uma posição estratégica para integração com grandes hubs globais. A futura conexão com o cabo submarino Malbec, que conecta São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires, com previsão de passar pela capital gaúcha, oferece uma vantagem competitiva ímpar. Assim, a localização assegura escalabilidade, alta resiliência e continuidade operacional.
A construção da Scala AI City gerará mais de 3 mil novos empregos diretos e indiretos na primeira fase, além de movimentar um vasto ecossistema envolvendo setores como energia, construção civil, telecomunicações, entre outros, com a criação de milhares de postos de trabalho que impulsionarão o desenvolvimento econômico da região. A Scala está comprometida em privilegiar mão de obra e fornecedores locais, promovendo o desenvolvimento socioeconômico das comunidades ao redor do projeto, bem como a atração de empresas de sua cadeia fornecedora para a região.
A capacidade inicial de TI da Scala AI City será de 54 MW, o que é cerca de sete vezes superior à capacidade dos centros de dados atualmente instalados na Grande Porto Alegre e maior do que a de mercados como o da Argentina e do Uruguai. Além disso, o potencial de expansão é massiva, podendo chegar a 4.750MW distribuídos em mais de 7 milhões de metros quadrados, fazendo do novo campus uma oportunidade única para o Brasil se consolidar como um dos líderes globais no cenário da tecnologia da informação.
O projeto utiliza o design FutureProof, permitindo a instalação de racks que suportam cargas de trabalho intensivas em treinamento de IA, com capacidades crescentes e superiores a 150 kW, em contraste com os 20 kW ou menos voltados para outros usos. O sistema também prevê o uso de liquid cooling — um método de resfriamento por fluido refrigerante que oferece maior eficiência energética para esse tipo de aplicação.
A sustentabilidade será um pilar central do empreendimento, que contará com 100% de energia renovável e certificada e adotará tecnologias de ponta para minimizar seu impacto ambiental. Com o auxílio do clima mais ameno do sul do Brasil, os data centers serão mais eficientes e terão um PUE (Power Usage Effectiveness, que mede a eficiência energética) não superior a 1.2, o mais baixo da América Latina, e um WUE (Water Usage Effectiveness) de zero – ou seja, não utilizarão troca de água em seus sistemas de refrigeração.