Gastos com IA vão superar R$ 2,2 bilhões no Brasil
A inteligência artificial ganha destaque e está presente de formas variadas nas dez previsões para 2024 que a consultoria IDC divulgou para o Brasil. Neste ano, a IA amadurece e marca tendências, seja a inteligência artificial propriamente dita, seja incorporada a outras tecnologias.
Ainda em estágios iniciais no Brasil, a IDC espera que os gastos com inteligência artificial generativa mais que dobrem em 2024 no País, o que contribuirá para que a América Latina se aproxime a um total de US$ 120 milhões relacionados à inteligência artificial generativa. Além disso, a necessidade de acelerar projetos gerará oportunidades para os provedores de serviços de TI e as consultorias. Com isso, a IDC espera que os gastos com serviços relacionados à IA e à IA generativa ultrapassem US$ 459 milhões em 2024.
“A grande mudança em IA em relação a 2023 é a questão de um maior amadurecimento de IA, de passar o hype e daquilo de achar que IA vai servir para tudo, que se encaixa em tudo. Isso se dissipa quase que totalmente e vemos uma abordagem mais madura e orientada a gerar valor para o negócio e para o cliente final”, destacou Luciano Ramos, gerente-geral da IDC para o Brasil, durante coletiva de imprensa para o lançamento das tendências.
Justamente por habilitar diversas soluções e tecnologias, a IA permeia as previsões da IDC (e tem uma previsão somente para ela). “A IA se integra como a maior parte das soluções de tecnologias para conseguir fazer a grande transformação dos negócios e a inteligência artificial generativa passa a ser mais um elemento”, diz Ramos.
Em uma comparação lúdica, Pietro Delai, diretor para o mercado corporativo da IDC América Latina, compara inteligência artificial com o que foi a internet em seu início na década de 1990. “Enxergamos ‘AI everywhere’. Ela está mais para internet, que começou devagar e deslanchou com aplicações que nem imaginávamos. É isso que enxergamos que vai acontecer com IA; e não apenas com a inteligência artificial generativa, mas com a própria IA tradicional, que ter um ritmo de crescimento intenso e constante”, explicou Delai.
Passado o burburinho, o mercado está diante de ver a viabilização de ferramentas diversas com a inteligência artificial incorporada a elas. Um exemplo é a IA, cada vez mais, embutida nas soluções de segurança. O avanço exponencial das ameaças cibernéticas tem motivado, segundo a IDC, a ampliação do uso de IA nas ferramentas de segurança para aumentar a capacidade de detecção e resposta.
Entre as grandes empresas, a IDC apontou que 95% dessas corporações contam com soluções com recursos de IA para ajudar na segurança da TI, contra apenas 56% das empresas de pequeno e médio portes, que ficam mais vulneráveis.
Essa discrepância levará a um aumento de ataques direcionados às empresas mais vulneráveis e isso fará acelerar a busca por soluções habilitadas por inteligência artificial, especialmente, aquelas providas a partir da nuvem, explicou Ramos. Com isso, a IDC prevê que o mercado de soluções de segurança manterá a trajetória de crescimento robusto, atingindo cerca de US$ 1,7 bilhão no Brasil em 2024, um crescimento de 16% em cima de 2023.
Depois do hype…
Pouco mais de um ano após o lançamento do ChatGPT, que fez a inteligência artificial generativa ficar muito conhecida, é hora dela gerar, de fato, valor para as empresas que estiverem prontas, mas há desafios. “Muitas companhias não têm estratégia de dados, governança de dados ou como garantir a segurança e confiabilidade dos dados”, apontou Luciano Ramos.
Costurar fontes de dados, governança, processos e objetivos de negócios para efetivamente gerar valor é um obstáculo a ser transponível, principalmente, diante de um mercado no qual muitas empresas não têm uma cultura de dados estabelecida.
E, cada vez mais, as empresas terão de se preocupar com a qualidade dos dados para continuar evoluindo no uso de inteligência artificial e inteligência artificial generativa. Além disso, do lado do provedor, a IDC pontuou que, dificilmente, uma solução é construída por apenas um provedor. Trata-se de um ecossistema de tecnologias que precisará ser explorado pelas companhias para identificar os elementos corretos que transformarão dados e inteligência em ações e processos concretos, conforme explicou Ramos.