Nutanix: Brasil lidera adoção global de multicloud, mas ainda sem pensar muito no dia seguinte
A nuvem é uma tendência e reinventou a forma de consumir recursos de TI, mas também pode ser um problema grave para as companhias se não houver um bom planejamento, adverte o country manager da Nutanix, Leonel Oliveira, em entrevista exclusiva ao Convergência Digital.
Segundo ele, a pesquisa global da companhia reforça uma característica do Brasil: não ter resistência à tecnologia, mas também preocupa porque muito das migrações estão acontecendo puxadas por áreas que não conhecem operações de TI e não pensam nas consequências do dia seguinte.
“Migrar aplicações para a nuvem é uma decisão que precisa ser feita com estratégia. Se der problema, a aplicação até pode ser refeita, mas e os dados, o que acontecem com eles? Não se deve ir para a nuvem à revelia. É preciso pensar e estruturar. A nuvem é maravilhosa, mas não é tão simples e descomplicada como muitos pensam”, reforça o executivo.
Oliveira é taxativo: o mundo não vai ser 100% cloud ou 100% operações em casa. O mundo será híbrido, conforme as suas necessidades e demandas. “Tem de saber que ir para a nuvem sem pensar pode ser um gasto relevante, já que como a própria pesquisa aponta, a nuvem não é interoperável. Mas se for pensada, a nuvem se transforma em um investimento para o negócio”, pondera.
Sobre o mercado brasileiro, o country manager da Nutanix diz que o mercado está em ebulição, mas os negócios estão sendo fechados com prazo maior. “O que antes levava três meses, agora, está levando seis meses. A economia anda de lado no Brasil e no mundo, mas, ao mesmo tempo, as empresas sabem que a tecnologia é essencial para fazer valer o negócio”, diz.
Um dos pontos da pesquisa – a migração dos data centers tradicionais de dentro para casa para provedores terceiros – Oliveira pontua que é uma tendência global, mas lembra que data center em casa está associado a obrigação do compliance, que ainda não se tem na nuvem. Mas há também a percepção que aplicações e dados associados que não carecem de tanta disponibilidade podem e devem ir à nuvem. “Como falei, o mundo será híbrido na nuvem e também nos data centers. O certo é que dado que tem de se ter à mão em qualquer circunstância ficará muito bem guardado para não se ter risco à marca e ao negócio”, adicionou.
Pesquisa Nutanix – Brasil em destaque mundial
A mais recente pesquisa anual do Enterprise Cloud Index (ECI) encomendada pela Nutanix, mostra que a nuvem segue em forte crescimento e o multicloud é o modelo de TI dominante em uso no mundo todo. Ainda, no estudo realizado com 1.700 tomadores de decisão de empresas de 14 países mostrou que o Brasil lidera essa tendência com o maior nível de adoção de multicloud.
O relatório ECI é focado em dados exclusivos para entender sobre o estado das implementações de nuvem corporativa e planos de adoção. De acordo com o estudo, mais da metade dos entrevistados na pesquisa ECI no Brasil (54%) disseram que atualmente usam várias nuvens, privadas ou públicas, como seu modelo de implantação de TI mais comum. Assim, a adoção no Brasil está substancialmente à frente das médias regionais (38%) e globais (36%). No mundo, apenas o Reino Unido chegou perto de igualar o nível de adoção de multicloud do Brasil com 53%; a terceira colocada, a França, 41%.
O levantamento também mostrou que menos empresas respondentes no Brasil continuam operando data centers tradicionais de três camadas (15%) do que a média global (22%). Até 2024, os entrevistados do Brasil também pretendem continuar reduzindo os data centers legados, esperando que caiam de 15% para apenas 4% de adoção.
Leia mais destaque do estudo:
Mais rápido para adotar a nuvem pública – A aceitação da nuvem pública para complementar a infraestrutura privada e abordar novos casos de uso e metas de contenção de custos ajuda a impulsionar a adoção de multicloud. As empresas no Brasil indicaram um uso de nuvem pública mais agressivo do que em outros lugares: apenas 37% relataram não usar nenhum serviço de nuvem pública, em comparação com 47% dos entrevistados globais e das Américas. Além disso, 30% dos entrevistados no Brasil relataram usar três ou mais plataformas de nuvem pública diferentes, em comparação com apenas 13% globalmente e 14% nas Américas.
Impulsionadores de multicloud no Brasil – Os entrevistados do Brasil citaram as melhorias esperadas no suporte a clientes (50%) e trabalhadores remotos (48%) como os maiores motivadores por trás de suas mudanças de infraestrutura. Mais de um terço dos entrevistados do Brasil (38%) também citou a economia de custos como fator determinante.
Quase todos os entrevistados no Brasil transferiram aplicações para outra infraestrutura no ano passado – Dada a diversidade de seus ambientes de TI, não surpreende que 97% dos entrevistados no Brasil tenham dito que mudaram pelo menos uma aplicação para uma infraestrutura diferente nos últimos 12 meses. A razão dominante, mencionada por mais da metade, foi acelerar o acesso aos dados. Muitos também estavam procurando melhorar sua postura de segurança e conformidade regulatória.
Estado das operações entre nuvens – A capacidade de realocar aplicações de maneira rápida e fácil é um requisito fundamental para o sucesso do multicloud. Embora a maioria dos entrevistados do ECI perceba a mobilidade de aplicações como cara e demorada, apenas 60% deles concordam com a afirmação no país frente a 80% globalmente e 78% na região das Américas. Este é um dado encorajador, dado ao alto volume de experiência do Brasil com realocação de aplicações.
No entanto, os entrevistados do Brasil indicaram menos otimismo com a interoperabilidade entre nuvens. Apenas 20% concordaram que seus ambientes de nuvem eram totalmente interoperáveis hoje, em comparação com 36% dos entrevistados globais e 35% dos das Américas. O uso comparativamente alto do Brasil de várias nuvens públicas que são executadas em plataformas diferentes provavelmente explica a disparidade.