Os reguladores da União Europeia aprovaram a tentativa da Microsoft de comprar a editora de jogos online, Activision Blizzard, por US$ 69 bilhões (R$ 340 bilhões). A Comissão Européia (CE) disse que a Microsoft abordou suas preocupações sobre questões de concorrência.
“A Microsoft não tem incentivos para recusar a distribuição de jogos da Activision à Sony, que é a distribuidora líder de consoles em todo o mundo, incluindo a EEA (European Economic Area), em que existem quatro consoles PlayStation vendidas para cada consola Xbox da Microsoft,” diz a CE em comunicado.
A decisão ocorre três semanas depois que o Reino Unido bloqueou o acordo devido a preocupações de que prejudicaria a concorrência no emergente negócio de jogos em nuvem.
A aquisição proposta está prestes a ser o maior negócio da história dos jogos, mas dividiu os reguladores globais. Para que o acordo seja aprovado, a Microsoft e a Activision precisam da aprovação dos órgãos reguladores do Reino Unido, UE e Estados Unidos.
Nos EUA, a Comissão Federal de Comércio (FTC) entrou com uma ação em dezembro para bloquear o negócio, mas a decisão de um juiz é improvável antes do final do ano.
A Comissão Europeia aprovou a aquisição, dizendo que a oferta da Microsoft de acordos de licenciamento gratuito de 10 anos – que prometem aos consumidores europeus e aos serviços de streaming de jogos em nuvem acesso aos jogos de PC e console da Activision – significa que haveria uma concorrência justa no mercado.
“Os compromissos abordam totalmente as preocupações de concorrência identificadas pela Comissão e representam uma melhoria significativa para os jogos em nuvem em comparação com a situação atual”, disse o órgão regulador da concorrência da UE em um comunicado.
Ele disse que uma investigação de mercado aprofundada indicou que a Microsoft “não seria capaz de prejudicar consoles rivais e serviços de assinatura de vários jogos rivais”.
E disse que os provedores de serviços de streaming de jogos em nuvem “deram feedback positivo e mostraram interesse nas licenças”, com alguns já tendo firmado acordos com a Microsoft com base em suas propostas.
Obstáculos significativos
O veto da Autoridade de Concorrência e Mercados (CMA) do Reino Unido ao acordo no mês passado fez com que especialistas alertassem que o acordo agora enfrenta obstáculos significativos para ser bem-sucedido.
A Microsoft e a Activision entraram com um recurso e contrataram advogados poderosos que já representaram a realeza britânica para lutar contra essa decisão.
Na quinta-feira, a CMA deu mais um golpe ao restringir a Microsoft e a Activision Blizzard de adquirir participações uma na outra sem “consentimento prévio por escrito”.
Reagindo à declaração da Comissão Européia, a executiva-chefe da CMA, Sarah Cardell, disse que mantém sua decisão.
“As propostas da Microsoft, aceitas hoje pela Comissão Européia, permitiriam à Microsoft estabelecer os termos e condições para este mercado nos próximos 10 anos”, acrescentou.
“Eles substituiriam um mercado livre, aberto e competitivo por um sujeito à regulamentação contínua dos jogos que a Microsoft vende, das plataformas para as quais os vende e das condições de venda.
“Esta é uma das razões pelas quais o painel independente da CMA rejeitou as propostas da Microsoft e impediu este acordo.”
* Com informações da BBC