Provedores locais superam os estrangeiros e mercado atinge R$ 1,4 bilhão
A Abrahosting, Associação Brasileira das Empresas de Infraestrutura de Hospedagem na Internet, consolidou as informações de desempenho setorial, apuradas junto à sua base de associados que respondem pelo equivalente a 60% de todo o tráfego da Internet no Brasil. Pelos cálculos da Associação, os resultados em 2017 atingiram R$ 1,4 bilhão, representando um crescimento de 9,5% ante o total de R$ 1,2 bilhão registrado em 2016, ou meio ponto percentual acima do esperado para o exercício.
A taxa de crescimento é maior que a de 7,5% de 2016, mas ainda está aquém do crescimento médio de 20% que vinha sendo registrado desde o início da década até o agravamento da crise brasileira a partir de 2013. No plano internacional, segundo dados da consultoria Statista, o desempenho da hospedagem continua a avançar em um ritmo próximo a 20% ao ano, saltando do patamar de US$ 14,5 bilhão em 2016 para US$ 18,6 bilhão no último exercício.
De acordo com Vicente Moura Neto, presidente da Abrahosting, uma boa notícia para o setor está na manutenção da competitividade dos provedores locais, em face do avanço das gigantes internacionais de serviços de hospedagem em nuvem, cuja presença no Brasil não chega a atingir 10% do mercado, segundo estimativas da entidade e de consultorias internacionais, como é o caso da HostAdvice.
“Na comparação com essas empresas globais da nuvem, o provedor brasileiro possui fundamentos técnicos e comerciais em níveis semelhantes, e ainda conta com vantagens suplementares, como o suporte técnico local, o conhecimento da cultura de negócios (principalmente os relacionados às PMEs) e a conformidade com as legislações civil e fiscal tributária”, acrescenta o executivo.
A propósito da concorrência estrangeira, a Abrahosting divulgou, em abril último, um alerta às empresas brasileiras que contratam, de maneira informal, serviços em nuvem de provedores instalados fora do país e que não dispõem de CNPJ local. De acordo com a entidade, a contratação deste tipo de serviço através de cartão corporativo, ou via remessa internacional, sem a correta subscrição como “importação de bens e serviços”, pode acarretar em cobranças pelo Fisco de adicionais de até 50% sobre os valores contratados e multas que podem chegar a 150% do imposto não declarado.
“Com as recentes balizas fiscais, criadas pela ADI número 7 (Ato Declaratório Interpretativo) da Receita Federal Brasileira, conseguimos equacionar o peso dos nossos próprios custos fiscais, bem superiores aos norte-americanos, e concorrer com as estrangeiras a partir de parâmetros mais ligados à eficiência dos serviços e à qualidade de atendimento ao cliente local”, prossegue Neto.
Na avaliação do presidente da Abrahosting, o exercício de 2018 tende a prosseguir no atual ritmo de avanço, o que projeta uma receita setorial se aproximando de RS 1,5 bilhão para este ano.
Setor investe 10% em tecnologia
Ao longo de 2017, a indústria de hospedagem em nuvem investiu cerca de R$ 140 milhões em tecnologia e deve manter seus projetos de aprimoramento constante das estruturas de serviços, com o direcionamento de 10% das receitas totais para tecnologias de tráfego, armazenamento, segurança, gestão e atendimento.
Segundo Gustavo Morgado, diretor executivo da Abrahosting, tanto grandes quanto pequenos provedores que integram a base da entidade precisam hoje se enquadrar num patamar de eficiência equivalente ao observado por qualquer concorrente mundial.
“O aspecto global da nuvem e o caráter estratégico da Internet redundam no surgimento de um cliente muito crítico e para o qual é inadmissível qualquer defasagem de qualidade quando contrata um serviço em nuvem. Daí a corrida constante por melhorias nas empresas” assinala Morgado.
Entre as ofertas mais comuns dos provedores brasileiros (que, de resto, são semelhantes ao oferecido lá fora), Gustavo Morgado destaca os serviços de hosting compartilhado; de Servidor Privado Virtual (VPS) e de hospedagem em nuvem. Há também alguns provedores que oferecem a hospedagem de conteúdos para “streaming” (Content Delivery Network, CDN) e outros que atuam, exclusiva ou opcionalmente, como “resellers” de serviços em nuvem, em parceria com terceiros.
As tecnologias mais visadas pelos investimentos do setor estão relacionadas à segurança de disponibilidade de dados, como backup, armazenamento espelhado em vários discos (RAID) e soluções de recuperação de desastres.
A área de segurança contra ameaças (físicas e cibernéticas) vem recebendo crescente atenção, principalmente com o avanço da nuvem, e direcionando investimentos para tecnologias como centrais unificadas de firewall (UTM), firewall de aplicação web (WAF), controles de identidade de acesso, biometria, tokenização, e isolamento de servidores contra o contato de usuários não autorizados.
Na avaliação de Morgado, uma das tendências mais marcantes para este ano e para o próximo é a incorporação de tecnologias para a venda de serviços ‘elásticos’ (que não dependem nem de um servidor nem de um sistema operacional previamente dimensionados).”Este novo modelo de hospedagem, tecnicamente chamado de ‘container’, representa um passo mais radical em direção à abstração de servidores e é o que melhor atende aos requisitos da computação em nuvem”, conclui o diretor executivo.