RNP vira broker de nuvem e busca parcerias com empresas privadas
A Rede Nacional de Ensino e Pesquisa, responsável pelo backbone e pela conectividade das universidades e institutos federais, vai começar a oferecer serviços em nuvem. O plano de negócios prevê que a RNP atue como broker, orquestrando diferentes fornecedores e responsável pela camada de escolha e contratação de serviços.
“Estamos desenvolvendo um modelo de broker baseado em parcerias com os global providers, como Amazon, Microsoft, Google, IBM. E com empresas como Embratel, Vivo e Vert, que oferecem infraestrutura e serviços de nuvem hospedadas em datacenters nacionais e tem maior flexibilidade do ponto de vista do tipo de hospedagem de plataforma que vamos precisar. Vamos disponibilizar esses serviços através de uma camada de marketplace onde professores e pesquisadores possam escolher o tipo de serviço que melhor lhe serve, com menor preço e melhores condições. É na verdade um passo além do broker”, explica o diretor de serviços e soluções da RNP, José Luiz Ribeiro Filho.
Os serviços em nuvem se valem de dois datacenters com capacidade de processamento de 4 petabytes, montados em contêineres e doados pela fabricante chinesa Huawei, em 2014, com os quais a RNP vem tocando ‘pilotos’ do que agora pretende oferecer em larga escala. Como um conjunto de equipamentos foi para o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, em Manaus, o datacenter lá instalado faz o armazenamento de dados coletados na Floresta. De forma semelhante, há parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco, em Recife, onde está o segundo contêiner doado. Outro projeto é uma parceria com a Ancine, que usa o armazenamento da RNP e ferramentas de análise para avaliar o conteúdo da televisão. E há ainda a implantação de sistemas de processo eletrônico nas universidades, no que é a primeira implementação em nuvem para o Sistema Eletrônico de Informações.
Para suportar essa nova linha de serviços, a RNP está fazendo um upgrade na conectividade. A rede acadêmica nasceu ainda na década de 1990, mas em meados dos anos 2000 deu um salto ao migrar para fibra óptica, escorada em obrigações impostas à Oi quando da autorização de compra da Brasil Telecom. Até 2020, a RNP vai migrar para fibras OPGW do setor elétrico. São acordos que preveem compartilhamento e custarão à RNP apenas a eletrônica para acender as fibras, o que sinaliza duas décadas de atualizações a custo marginal.
“O grande elemento viabilizador é a existência de uma rede com capacidade. Sem ela não adianta nuvem. Estamos concluindo um ciclo de atualização e vamos para o próximo. Para muitas universidades, conexão de 10 Gbps já não é suficiente. O trecho entre Sudeste e Brasília já vive congestionado. No novo ciclo vamos para múltiplos de 100 Gbps. Temos um acordo já firmado com a Chesf, compramos equipamentos e vamos acender essa fibra e dividir a capacidade com eles. E estamos em vias de fechar esse mesmo tipo de acordo com Eletrosul e Furnas”, diz o diretor da RNP. Veja a entrevista exclusiva com o diretor da RNP.