Febraban Tech 2023

Bancos: Brasil vive o melhor momento para fazer a reforma tributária e para a inovação

Itaú Unibanco, Bradesco, Caixa e BTG destacaram seus investimentos em tecnologia. "Vamos completar 100 anos e estamos muito jovens por conta da transformação digital", afirmou Milton Maluhy, presidente do Itaú Unibanco. Bradesco ressaltou a computação quântica. "Espero que a computação quântica seja desenvolvida pelos bonzinhos porque a criptografia pode ser destroçada em segundos", afirmou o diretor-presidente, Octávio de Lazari Junior.

A Tecnologia da Informação tem sido a força motriz da transformação do setor financeiro. Em 2022, o volume do orçamento (somando investimentos e despesas) em TI chegou a R$ 34,9 bilhões, um crescimento de 18% em relação a 2021, de acordo com a pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária. Este aumento foi impulsionado pela implementação de tecnologias que atendem às necessidades de escalabilidade e de flexibilidade, como, por exemplo, computação em nuvem e inteligência artificial. Para 2023, a expectativa é de crescimento ainda maior, podendo chegar a R$ 45,1 bilhões, 29% a mais que em 2022.

De fato, como apontaram os presidentes dos bancos, no painel de abertura da 33ª edição do FEBRABRAN TECH, que começou hoje, 27/6, e vai até 29/6, em São Paulo, a tecnologia é protagonista das instituições financeiras e vem sendo o alicerce sobre o qual as inovações bancárias são construídas.

“A discussão da transformação não começou ontem, ela vem acontecendo ano após ano, o que mudou foi a velocidade. Ano que vem, o banco completa 100 anos e estamos muito mais jovens. Estamos passando por um processo de transformação; dois terços dos sistemas legados estão rodando em nuvem, em AWS e também temos usado outras clouds. Nunca tivemos medo do novo, porque sempre será uma oportunidade para evoluir. A tecnologia empoderou o ser humano”, salientou Milton Maluhy, presidente do Itaú Unibanco.

A instituição financeira entrou em uma jornada forte de transformação. Para além de migrar sistemas antigos para computação em nuvem, o banco incorporou o trabalho ágil e tem 20 mil pessoas trabalhando em squads. “A cultura tem de ser centrada no cliente para potencializar o uso da tecnologia. Com o banco engajado, você consegue transformar a experiência do usuário, e a melhor ferramenta para isso é a tecnologia; ela nos permitiu nos reinventarmos”, acrescentou Maluhy.

A tecnologia acompanha a evolução financeira desde sempre, com ela mesma se reinventando. Octavio de Lazari Junior, diretor-presidente do Bradesco, lembrou que o primeiro computador do banco, um IBM, data dos 1960 e ocupava uma sala. “No começo dos anos 1980 criamos o Bradesco instantâneo. Muitas tecnologias foram acontecendo e hoje o que podemos observar é que mais novidades estão chegando, sejam computação quântica, ChatGPT, IA generativa, e a gente tem de estar preparado para isso. O Bradesco, por meio do inovabra, tem ambiente de testes para as novas tecnologias que estão acontecendo no mundo”, apontou de Lazari.


O Bradesco, como já anunciado (https://www.convergenciadigital.com.br/Inovacao/Bradesco-usa-ChatGPT-para-decifrar-atas-do-Copom-e-normas-do-Banco-Central-63254.html), está testando o ChatGPT como uma ferramenta complementar à leitura de textos oficiais produzidos pelo Banco Central do Brasil com o objetivo de conseguir fazer uma previsão das próximas movimentações de juros. “Fizemos alguns testes com a nossa área de tecnologia, inteligência de dados e de economia para avaliar os comunicados do BC e tentar inferir o que poderia ter nos novos comunicados”, explicou.

Outra novidade que é preciso ter no radar é a computação quântica. “É um desafio grande que não sabemos onde vai parar, mas pode trazer benefícios, principalmente, com relação à criptografia e dados. Mas espero que a computação quântica seja desenvolvida pelos bonzinhos, porque a criptografia pode ser destroçada em poucos segundos”, avaliou o diretor-presidente do Bradesco.  

Transversalidade

Já o BTG Pactual tem um histórico distinto. “Era um banco de investimentos que não tinha rede de agências, uma rede de capilaridade. A revolução digital veio como oportunidade para fechar este gap competitivo, e não tivemos de fazer uma transformação apenas tecnológica, mas também cultural”, apontou Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual. Segundo ele, a tecnologia deixou de ser de apoio para ser transversal e estar em todas as linhas de negócio.

No BTG, a área que tem mais pessoas é a de tecnologia; e foi esta virada que permitiu ao banco dar um salto em volume de clientes e de transações. “Somos a engrenagem desse motor chamado Brasil, permitindo que as pessoas possam fazer as transações. Na parte de pandemia, se não fossem os bancos para fazer o casamento do poupador com o investidor, talvez não tivesse desenvolvido o Brasil. Para mim, é privilégio fazer parte do óleo desta engrenagem”, apontou Sallouti.

“Sempre entendi que o papel dos bancos é melhorar a vida do País e fazer investimentos”, completou Maria Rita Serrano, presidente da Caixa, destacando ainda que a economia verde gera empregos. A presidente da Caixa ressaltou o papel da tecnologia para habilitar o rápido desenvolvimento de aplicações que permitiram a milhões de pessoas receber auxílios e benefícios sociais durante a pandemia da Covid-19.

“A Caixa teve como desafio criar em 15 dias um aplicativo que desse conta de atender 70 milhões de brasileiros e provar seu DNA público. O aplicativo Caixa Tem garantiu a inclusão bancária de 40 milhões de brasileiros e o pagamento a essas pessoas de benefícios como o Auxílio Emergencial e o FGTS. Metade da população brasileira passou pela Caixa”, disse a executiva.  

Perspectivas

Ao longo dos anos, o Brasil construiu um sistema financeiro muito resiliente. “Tivemos a capacidade de, junto com o Banco Central, construir um sistema sólido. Agora, temos de aproveitar a oportunidade, buscando redução da taxa de juros e da inflação e com a reforma tributária no forno. Talvez seja a melhor oportunidade que temos nos últimos 20 ou 30 anos de fazer a reforma tributária. A reforma tributária, o arcabouço fiscal e a redução da taxa de juros, tudo junto é fundamental para o Brasil estar no mapa de investimento. Além de termos a melhor matriz energética do mundo, com geração solar e eólica”, finalizou Octávio de Lazari Junior, do Bradesco.

Na mesma linha, Milton Maluhy, do Itaú Unibanco, destacou os impactos gerados pelo setor financeiro, com atividades indo além do core e salientou a importância de mostrar como o setor tem evoluído nos últimos anos.  Maluhy chamou a atenção para uma janela de oportunidades que se abre no Brasil e que “não aparece todos os dias”.

“Temos de abraçar essa janela e olhar para frente com otimismo; vamos movimentar a agenda, fazer acontecer e isso também depende muito de cada um de nós. Fizemos um trabalho primoroso na pandemia, apoiando e ajudando os clientes. Temos a reforma tributária nas mãos e temos de ter visão coletiva do País e não olhar a visão isolada de cada um”, completou.  

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