Febraban Tech 2023

Conhecimento técnico só não basta. Novo profissional de TI dos bancos tem de ter empatia

A digitalização decretou o fim do perfil de profissional isolado, sustentam os CIOs do Itaú Unibanco, Bradesco e Santander.

Especial Febraban Tech 2023

O painel de abertura do segundo dia da FEBRABAN TECH, nesta quarta-feira, 28, reuniu os CIOs de alguns dos maiores bancos brasileiros. Um dos temas tratados foi o novo perfil do profissional de TI que, nos dias de hoje, além de conhecimento técnico, precisa ter empatia e bom relacionamento pessoal com as demais áreas.

Na prática, isso significa uma mudança drástica, decretando o fim daquele perfil de profissional isolado. O CIO do Itaú Unibanco, Ricardo Guerra, disse que o dinamismo do mercado tem feito com que as habilidades necessárias para o setor mudem praticamente a cada ano. Algumas delas  seguem inalteradas, como a profundidade técnica.

“Mesmo a profundidade técnica é diferente de alguns anos, porque deve vir acompanhada de uma forte capacidade de aprendizado. A tecnologia é mutável, então o domínio técnico é cada vez mais associado à capacidade de aprendizado constante”, afirmou. Mas Guerra reconhece que só isso não é suficiente. É fundamental que os profissionais de TI estejam próximos dos clientes e do negócio, entendendo os problemas para precisarão ajudar a resolver.

“Por fim, há uma característica interpessoal muito forte. Cabe a essas pessoas serem capazes de influenciar, mostrar a mudança e convencer sobre a necessidade de uma outra abordagem, e isso precisa ser muito desenvolvido”, reforçou.


Segundo o CIO do Santander e CEO da F1RST Digital Services, Luis Bittencourt, essa mudança atinge também o CIO, que hoje deve ser um habilitador de todas as áreas. “Temos que mudar bastante e entender que não somos mais controladores de nada, mas habilitadores e influenciadores de todas as áreas de negócios”, afirmou.

Isso inclui a capacidade de formar uma equipe com pessoas brilhantes e, mais do que isso, saber ouvi-las. Para Bittencourt, este é um critério que habilita muito mais a transformação e torna fundamental o papel do líder, que deve criar um ambiente aberto e atrativo para seu time.

O CIO e diretor-executivo do Bradesco, Edilson Reis, concorda, mas ressaltou que o papel do CIO deve ir além. “Precisamos ser influenciadores para convencer as áreas de negócios e mostrar as possibilidades de uma nova tecnologia”, disse. Mais que isso, é preciso estar preparado para a entrega no momento em que uma nova tecnologia se torna realidade.

Reis lembrou que tem visto isso acontecer exponencialmente nos últimos anos e que a demanda foi confirmada por uma pesquisa interna realizada pelo Bradesco. Essa pesquisa indicou que as outras áreas esperam agilidade; proximidade com o negócio; e a indicação de caminhos alternativos que possam encurtar prazos de entrega.

Mais mulheres no setor

Algo que também vem mudando o perfil das áreas de tecnologia é a participação crescente das mulheres. A vice-presidente de Tecnologia e Digital da Caixa Econômica Federal, Adriana Salgueiro, disse que essa participação ainda é pequena, mas é um quadro que está mudando.

De acordo com o relatório setorial da Brasscom referente a 2022, o Brasil tem hoje 51% da população formada por mulheres, mas apenas 39% de participação no setor de tecnologia. “Esse cenário tem melhorado. No último ano foram 32 mil mulheres contratadas, ou 45% dos empregos gerados no setor”, afirmou.

Adriana comemora também o movimento de expansão nos cargos de liderança de tecnologia, lembrando que o Brasil tem hoje 15% de líderes mulheres, um percentual bastante próximo do visto em cargos de liderança globalmente. “Enfrentar isso é uma luta coletiva, precisamos de ações efetivas que proporcionem isso”, enfatizou, citando o exemplo do conselho diretor da CEF, que hoje tem 13 mulheres. 

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