Febraban Tech 2023

Descarbonização vira prioridade na agenda ESG dos bancos

O presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy, reforçou que a instituição vai investir mais de R$ 400 milhões em ações de impactos positivos. BTG aposta em reflorestamento nacional para consolidar suas ações de ESG.

A bioeconomia é um dos temas centrais da FEBRABAN TECH 2023, que está sendo realizada entre os dias 27 e 29 de junho, em São Paulo. No painel de abertura do evento, os presidentes de alguns dos maiores bancos do País falaram sobre suas iniciativas e, principalmente, sobre a importância de se conscientizar o restante da sociedade.

A presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Rita Serrano, explicou que sustentabilidade tem um papel de destaque no planejamento estratégico da instituição e deixou claro que ela convive bem com os investimentos em bioeconomia. “Temos hoje o compromisso de apoiar o mercado em sua transição para uma economia sustentável. É um tema importante para o futuro da humanidade e do País”, defendeu.

A presidente da CEF destacou ainda que sustentabilidade abrange não apenas o meio ambiente, mas também pessoas, políticas públicas e ação das empresas. “Há um exemplo que atende essas premissas que foi o enfrentamento da pandemia”, disse, lembrando que em apenas 15 dias a Caixa criou e colocou em operação um aplicativo que atendeu 70 milhões de brasileiros.

“O Caixa Tem foi o aplicativo que garantiu a inclusão bancária de 40 milhões de brasileiros e o pagamento a essas pessoas naquele período. Todos os benefícios pagos durante a pandemia passaram pela CEF”, afirma. Hoje, o Caixa Tem opera 150 milhões de transações mensais e conta com mais de 100 milhões de usuários.

O presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy, disse que o papel da instituição nesse momento é ser o banco de transição de seus clientes, ajudando-os a migrar para o que chama de economia verde. Para isso, o banco vem trabalhando em três frentes. A primeira, o compromisso de zerar emissões. “Todas as empresas estão se movimentando nessa direção. Assinamos o Net Zero Alliance, onde nos comprometemos a reduzir as emissões, sobretudo as de escopo 3, que são aquelas que financiamos nossos clientes”, disse.


Na segunda frente, o Itaú Unibanco vem buscando resultados tangíveis de suas iniciativas. No ano passado, o banco anunciou que, até 2025, destinaria R$ 400 bilhões a setores de impacto positivo. Deste valor, R$ 300 bilhões já foram concedidos, o que deve levar o banco a reavaliar o programa e ampliar o crédito.

Por fim, Maluhy enfatizou a importância de se criar uma agenda de debates sobre o tema. Para isso, o banco tem utilizado iniciativas como o Cubo ESG, que hoje incuba mais de 30 startups, e lançou recentemente o Carbonpace, uma plataforma para a negociação de créditos de carbono que deve estar operando nos próximos meses.

Caminho similar segue o Bradesco. O diretor-presidente do banco, Octavio de Lazari, disse que o principal desafio dos dias atuais é levar para as empresas que o banco financia a consciência sobre a questão da pegada de carbono. Ele lembrou que o Bradesco já zerou a emissão de carbono de suas agências e que o foco agora é criar essa consciência nas empresas atendidas pelo banco.

Para o CEO do Santander, Mario Leão, a sustentabilidade e a descarbonização são temas comuns ao setor, como a fraude e a segurança. “Hoje temos uma agenda de sustentabilidade bastante forte, porque o investidor europeu tem cobrado muito”, disse. Tanto que o tema não é mais tratado por uma área específica, mas pelo comitê executivo da instituição, já que ele permeia toda a organização.

O CEO do BTG Pactual, Roberto Sallouti, reforçou que os grandes bancos brasileiros já utilizam os mais altos parâmetros de políticas ambientais em seu dia a dia. “Isso tem se tornado o rumo normal dos negócios. Temos que pensar em como ir além e usar esses valores para ajudar a sociedade”, disse.

Como exemplo, citou o fundo de reflorestamento recém-criado pelo BTG. O objetivo do fundo é levantar US$ 400 milhões que serão utilizados para reflorestar 280 mil hectares de área de pasto degradado com 200 milhões de árvores. “Metade será floresta comercial, que vai preservar carbono de forma permanente, e metade será floresta nativa, que será monetizada com a venda de créditos de carbono, beneficiando as comunidades locais. Isso mostra como nós, do mercado financeiro, se colocarmos nossa capacidade para alocar recursos eficientes, conseguimos ajudar o meio ambiente”, disse.

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