IA Generativa exige governança para impedir projetos malsucedidos
A Inteligência Artificial existe há anos e, agora, a IA Generativa ganha os holofotes. Essa revolução vem acontecendo porque de algum tempo para cá as organizações se preocuparam em trabalhar de fato a qualidade de seus dados para que fossem consumidos em larga escala e em favor dos negócios.
Os desafios de adoção da IA Generativa foram debatidos no painel Onde a IA Generativa encontra os negócios e a sociedade, no Futurecom 2023. “É preciso estabelecer um propósito e governança para que a IA não se torne um problema para as organizações”, afirmou Mario Rachid, diretor executivo de soluções digitais da Embratel. Este foi o pilar central do debate e uma visão unânime entre os especialistas.
De acordo com Rachid, se usados inadvertidamente, os dados gerados pela IA Generativa podem se tornar um problema para o próprio negócio. Assim, disse o executivo, mais do que estabelecer processos e demandas que serão endereçadas com a Inteligência Artificial, é fundamental que as empresas definam como fazê-lo. “A Embratel, por exemplo, criou um comitê na Claro para priorizar temas de IA e compreender como eles deveriam ser implementados”, afirmou o diretor.
Paulo Antonialli, diretor da Amdocs do Brasil, comentou que os fornecedores vivem um momento muito favorável no mercado de IA, com muitas empresas interessadas em adquirir tecnologias e serviços associados a ela. Mas, segundo ele, não basta entregar as soluções. “É necessário entender qual o objetivo dos clientes, seus desafios, suas dificuldades de negócio”, ressaltou. “Só assim veremos a IA Generativa cumprindo seu verdadeiro papel.”
Antonialli destacou também que a IA não pode ficar restrita ao nível gerencial das organizações. “IA Generativa não é sobre substituição de pessoas, mas sobre empoderá-las. Quanto mais ela for cascateada, mais produtiva e competitiva será a empresa.”
Conter a ansiedade na hora de adotar a IA foi outra unanimidade entre os especialistas. Valkiria Marchetti, diretora executiva do Bradesco, e Miriam Wimmer, diretora da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), alertaram para a necessidade de adotar a IA com cautela. “É preciso entender onde ela deve e pode ser implementada. É importante dar os passos com segurança”, disse Valkiria.
E segurança, no caso da IA, também implica respeitar dados pessoais e responder por implicações jurídicas ligadas ao descumprimento de leis. “A pergunta que fica é se, afinal de contas, a IA Generativa será fator de inovação em prol das pessoas ou geradora de problemas”, disse Miriam, destacando a importância de as empresas compreenderem como os dados serão utilizados.