Starlink dispara e já tem 26% da internet via satélite no Brasil
As constelações de satélites de baixa órbita estão mudando o panorama da conectividade no Brasil por meio dessa tecnologia. Como discutido durante o Futurecom 2023, as taxas de transmissão de até 300 Mbps incentivam o mercado, especialmente a partir da chegada ao País das ofertas da Starlink.
“Uma empresa apostou milhões em constelações, em um modelo simplificado que a Anatel adotou, respeitando as coordenações e a não interferência, pulou e conseguiu 100 mil assinantes em poucos meses. Os outros se assustaram. Mas quem é ousado e arrisca no mercado de conectividade consegue resultados. Então os outros estão correndo atrás disso, atrás de autorizações para também ver esse mercado potencial”, afirmou o superintendente de outorgas e recursos à prestação da Anatel, Vinícius Caram.
Números apresentados pela agência mostram que a empresa do bilionário Elon Musk já tem mais de 107 mil acessos no Brasil, ou pouco mais de 26% das conexões de banda larga via satélite – pulando para o segundo lugar entre as maiores desse segmento, atrás da Hughes, que tem cerca de 190 mil acessos.
O superintendente de outorgas destacou que a agência vem facilitando o uso de espectro para satélites, mas parte do mercado parece ainda acomodado. Depois de algum movimento com as conexões em banda Ka, o segmento deixou de aproveitar os recursos liberados pelo regulador.
“O pessoal vai lá, briga pela simplificação regulatória, para não ter custos, e estamos fazendo isso. Permitimos espectro, permitimos a coordenação. Autorizamos todos os pedidos de exploração, seja de Geo, seja de multiconstelações de baixa órbita. Mas às vezes falta alguém apostar em modelos de negócios mais ousados”, insistiu Caram.
“Demonstramos em um dashboard de ocupação que há espectro disponível. Mas as vezes falta um integrador para uma solução fim a fim. A Anatel tem espetro, é só solicitar, em caráter secundário ou sandbox, para resultar em modelos de conectividade de que o País tanto precisa. Mais de 80% da área geográfica do País não é coberta e o setor satelital atende áreas rurais, ribeirinhas, aeronaves, embarcações, trens etc.”
Para ele, “as multiconstelações se tornam realidade essencial no que tange à conectividade significativa, para cobrir o país com velocidade rápida, latência baixa e throughputs médios entre 30 Mbps e 300 Mbps, que todos precisam para seus modelos de negócios, suas demandas de vídeo, comerciais, transações bancárias”.
Caram também chamou a atenção ainda para um novo modelo de negócios que começa a chegar ao Brasil: as conexões de telefonia móvel via satélite, ou direct to device, no jargão do setor.
“Agora estamos falando de um sandbox para permitir o direct to device. Ou seja, os usuários que têm um smartphone vão ter conexão direta via satélite, algo de que por muitos anos se duvidou. Há uma mudança ocorrendo no setor satelital, um setor relevante para um país de dimensões continentais”, disse, para completar: “hoje o setor satelital é mais sexy que espectro do móvel”. Assista à entrevista com o superintendente de outorgas e recursos à prestação da Anatel, Vinicius Caram.