CFOs: inteligência artificial veio para ajudar
O papel dos executivos de finanças em processos de transformação digital nas organizações foi tema de painel realizado na terça-feira (03/09), durante o SAP NOW 2024. Mediado por Gustavo Conrado, CFO da SAP, Francis Ferrari, diretora de Finanças e Administração da Timenow, Patricia Leisnock, Senior Financial Executive do Hospital Israelita Albert Einstein, e Paulo Prignolato, VP Executivo e CFO da Randoncorp, dividiram com o público suas experiências e aprendizados à frente de projetos de TI.
Ferrari, por exemplo, liderou quatro go-lives de SAP na Timenow, companhia de serviços profissionais que tem crescido a uma média de 40% nos últimos anos. “Quando se está reestruturando a área de finanças, o trabalho sempre acaba em sistemas”, disse. “Aprendi, entre outras coisas, que o processo de seleção de time é fundamental: é preciso ter um mix entre gente que conhece o negócio e pessoas que conheçam a ferramenta. Além disso, esse time precisa estar dedicado, ficar fora das atividades do dia a dia”, enumera.
Já Prignolato revelou que em 2023 a Randoncorp investiu R$ 200 milhões em inovação, em torno de 2% de sua receita líquida. “Esse investimento não foi apenas em produto, mas também em processos. Ter uma boa plataforma tecnológica que alavanque essa inovação é fundamental”, afirmou, lembrando que a área financeira precisa desse entendimento.
No Einstein, de acordo com Patricia Leisnock, não se imagina melhorar o acesso à saúde sem um back office estruturado e apoiado em tecnologia de ponta. “A tecnologia é tão eficiente que as pessoas de finanças precisam se repensar. Precisam participar, colocar-se em um processo de requalificação e reestruturação”, afirmou.
Sem medo da IA
Os executivos foram unânimes em dizer que suas equipes, independentemente do nível de adoção que suas empresas já fazem da IA, não temem a inteligência artificial. É necessário, no entanto, compreender como, quando e em que velocidade as novas tecnologias devem ser implementadas.
Na visão de Leisnock, eles não temem, mas também não estão preparados. E o motivo para isso é a desinformação. “Em geral, as pessoas ficam animadas. O problema é que a gente passa a mensagem errada. Vemos notícias muito equivocadas para os grupos de trabalhadores”, analisa a CFO, fazendo referência à falsa crença de que a IA vai tomar empregos. “Nosso papel é o de trazer a mensagem certa e de promover a requalificação. Vamos apertar o botão para fazer o fechamento financeiro e usar as pessoas para fazerem coisas novas”, sugere.
Na Timenow, a falta de mão de obra qualificada continua sendo um problema, e a companhia aposta em uma inteligência artificial própria, que será lançada ainda em setembro, para apoiar essa capacitação. “Queremos pegar um profissional júnior e fazer com que ele seja rapidamente capacitado”, diz Francis Ferrari. “Nossos colaboradores veem o movimento de forma positiva. Tem um ou outro com insegurança sobre a utilização, mas tem sido positivo e trazido muito valor agregado em nosso dia a dia”, completa.
Já Prignolato afirma que na área financeira da Randoncorp, embora a IA não seja temida, vem sendo adotada de maneira mais cautelosa. “A IA dentro dos modelos financeiros deve ser usada para tirar carga de trabalho dos times para que eles consigam se dedicar a tarefas mais estratégicas. Precisa de ferramentas que ajudem a tomar decisões e corrigir rumos, principalmente quando se atua em diferentes áreas do mundo”, afirma, contando que sua área escolheu não ser protagonista nessa jornada. “Estamos iniciando agora. A primeira etapa é uniformizar a informação para a organização. Ainda há muita dúvida conceitual sobre o que é e o que não é IA. Estamos iniciando a jornada. Não tenho sentido os times preocupados com o futuro”, finalizou.