5G desafia infraestrutura de projetos de cidades inteligentes
Em breve, cidades inteligentes não serão apenas uma opção, mas necessidade real de um planeta que tem mais da metade da população morando em áreas urbanas. Bernard London, arquiteto de Soluções para o Setor Público da Oracle, destaca a importância da adoção de projetos dessa natureza em municípios de qualquer porte, principalmente em metrópoles. Segundo ele, em pouco tempo teremos mais de 70% da população da Terra morando em cidades.
“Cidade inteligente é aquela que lança mão da tecnologia para melhorar a qualidade de vida do cidadão, passando por dez eixos normalmente usados para medir o grau de inteligência. Eles compreendem: ambiente econômico mais fácil para fazer negócios; preocupação com sustentabilidade; meios de pagamento inteligentes; governança inteligente; infraestrutura focada em autosserviços; segurança pública com reconhecimento biométrico; mapeamento estatístico; mobilidade inteligente; gestão inteligente de talentos, capaz de identificar também as vocações da cidade; e sistema de saúde inteligente”, diz London.
Mas a cidade inteligente vai além de oferecer os melhores serviços. O cerne da questão está no uso mais adequado dos dados, e o contraste ficará ainda mais flagrante com a chegada do 5G. “Imagina que hoje temos, em todo o planeta, mais de 30 bilhões de dispositivos com capacidade para enviar informação pela internet, entre sensores, iluminação inteligente, celular, equipamento hospitalar. Então, o volume de dados disponível será monumental com o 5G”, detalha London.
O tráfego exponencial de dados trará um novo desafio. “Será preciso computação em nuvem com muita performance para transformar esse dado em informação. Com informação, pode-se tomar decisão, com dado simples, não”, diz o arquiteto de Soluções para o Setor Público da Oracle.
Metrópoles que já largaram na frente em termos de soluções de cidades inteligentes poderão se beneficiar mais rápido com os projetos disruptivos que serão possíveis a partir do 5G. Buenos Aires está nessa lista. Há cerca de quatro anos, a capital da Argentina adotou a tecnologia inteligente para solucionar um problema histórico: as enchentes, que também afetam outras cidades portuárias que canalizaram a malha fluvial, como Santos (SP) e Rio de Janeiro (RJ).
“O método tradicional para resolver passa por um plano de manutenção preventiva das vias pluviais, dos canais de escoamento de chuva. Geralmente as prefeituras fazem um cronograma ao longo do ano, para limpar os canais por áreas, em etapas. Porém, essa não é a forma mais eficiente nem inteligente de usar recursos”, conta London.
Em Buenos Aires, diz London, a internet das coisas (IoT) entrou em cena com a instalação de sensores nas vias pluviais para medir o escoamento de água. Ele explica que, com sensores pluviométricos e análises da base histórica da quantidade de chuva ao longo do ano, foi criado um algoritmo capaz de analisar o fluxo de água esperado em cada uma dessas canalizações.
“Se o sensor indica que o nível da água está mais alto, é sinal de que à frente deve ter uma obstrução. Se naquele sensor está passando menos água que o volume esperado, é porque atrás dele deve ter uma obstrução. Com a conexão de uma solução inteligente de gestão de equipe de campo, há um alarme que dispara para providenciar o reparo onde é realmente necessário, evitando as enchentes.”
A prefeitura de Buenos Aires também está aproveitando a tecnologia de gestão de equipe de campo para fazer o censo das árvores na cidade, que igualmente seguia o modelo tradicional de cronograma ao longo do ano. “Após analisar os dados do censo, como saúde, idade, tipo de árvore, houve uma programação da equipe para fazer a poda e manutenção de acordo com a realidade dos dados, não mais de acordo com um programa meramente. Uso de dado e tecnologia a favor de uma decisão melhor”, enfatiza London.