Barreiras e entraves regulatórios são ‘fantasmas’ do 5G no Brasil
Uma sondagem de opinião realizada pela Ericsson entre os dias 15 e 18 de outubro, em São Paulo, durante o Futurecom 2018, ouvindo 235 executivos que atuam no segmento de telecomunicações, demonstrou as expectativas e receios do mercado em relação à implementação do 5G no Brasil. Quando perguntados sobre o impacto do 5G para as operadoras de telefonia celular, mais de 92% dos respondentes concordam que a introdução da nova geração da conectividade móvel permitirá que esses players se tornem mais flexíveis, ágeis, eficientes e capazes de oferecer novos modelos de negócios para suas bases de clientes.
Para 54,5%, os novos serviços em IoT (muito além da conectividade, por meio de parcerias) serão os principais impulsionadores do sucesso do 5G no Brasil e no mundo. Nesse tópico, também foram amplamente citadas as demandas pelo aumento exponencial da capacidade da rede (35,7%) e por novas receitas a partir de serviços de banda larga sem fio – Fixed Wireless Access (33,6%). Um total de 28,9% destaca a aplicação do 5G para identificar novos clientes em um mercado de fábricas conectadas e indústria 4.0.
Quase metade dos respondentes (48,1%) acredita que os consumidores finais serão os maiores beneficiados pela chegada do 5G no País. Destaque para a percepção da amostra sobre impacto positivo do 5G nos setores de Cidades Inteligentes (28,1%), Indústria 4.0 (15,7%) e Agronegócio (8,1%).
Os respondentes também se posicionaram sobre as necessidades de suas empresas no que dirá respeito à implementação dos serviços na rede 5G: 49,6% esperam maior eficiência nas redes de acesso, com menor custo por gigabyte. Para 38,6%, será fundamental dispor de soluções de analytics que combinem inteligência a partir dos serviços, comportamento dos usuários, recursos de rede e conteúdo, para permitir decisões assertivas baseadas em dados e tendências.
A flexibiidade de arquitetura de redes para atender à crescente demanda por novos casos de uso de 5G e IoT foi destacada por 32,1% da amostra, combinada com outros 29,4% de citações mencionando a importância de poder contar com plataformas de serviços e aplicações para Internet das Coisas.
O estudo mostrou, contudo, que todo esse otimismo vem acompanhado de certo receio do mercado em relação às possíveis barreiras e entraves regulatórios com que a quinta geração de tecnologia móvel pode se deparar no Brasil: 49,35% dos respondentes temem pelos altos custos das novas faixas de frequência; 40,3% citaram a alta carga tributária que incide sobre o setor; e 39,4% destacam o atraso na liberação do uso das faixas.
A falta de regulamentação específica para IoT (22,1%) e o impasse em torno da Lei de Antenas (20,8%) também figuram entre as preocupações do setor. Esse cenário combinado com os resultados de um estudo realizado anteriormente pela Ericsson mostra que a questão do custo é realmente um ponto relevante de atenção quando se fala de avanços na tecnologia móvel: o Brasil tem atualmente o terceiro maior custo de espectro entre 40 países analisados, ficando atrás apenas do Peru e Panamá. O custo do espectro (apenas para as frequências) representa 5% da receita bruta das operadoras brasileiras. A análise comparou o valor pago nos diferentes países e parametrizou os totais pela renda per capita de cada economia.
“Desde a privatização das telecomunicações no Brasil, foi investido um volume enorme de capital em leilões espectro. Outros países direcionam essa arrecadação para investimentos, como a Suécia por exemplo, onde o espectro é 13x mais barato que aqui. Se tivéssemos feito isso aqui, corresponderia a um aumento de 32% nos investimentos em infraestrutura. Poderíamos ter 32% mais trafego, 32% mais negócios, 32% mais P&D, 32% mais gente trabalhando”, completa Eduardo Ricotta, presidente da Ericsson no Brasil.