CGI.br questiona o uso das plataformas educacionais de Google e Microsoft
O novo estudo do Comitê Gestor da Internet no Brasil aborda a disseminação das plataformas eletrônicas educacionais, especialmente diante da forte concentração desse uso em poucos fornecedores, sempre estrangeiros, e potenciais impactos sobre alunos e professores.
O estudo “Educação em um cenário de plataformização e de economia de dados: problemas e conceitos” é primeiro documento de uma série que reunirá três volumes, que pretendem analisar as preocupações e possíveis providências relacionadas ao destino e armazenamento dos dados de usuários das plataformas utilizadas no ensino.
“Em 2019, somente 14% das escolas públicas urbanas usavam algum tipo de plataforma de ensino a distância antes da suspensão das aulas presenciais. Em números gerais, 28% das instituições de ensino, sejam elas públicas ou privadas, localizadas em áreas urbanas, contavam essa tecnologia”, diz o documento. O cenário, porém, mudou a partir da pandemia de Covid-19.
“No ano seguinte, a TIC Educação 2020 trouxe um cenário bem diferente. Além de constatar a falta de dispositivos (como computadores e celulares) e do acesso à Internet em casa como os dois fatores mais desafiadores para o ensino remoto, 91% dos gestores entrevistados disseram ter criado grupos em aplicativos ou redes sociais como alternativa para comunicação e envio de atividades. O uso de sistema de videoconferências comerciais – especialmente Google Meet, Zoom e Microsoft Teams – como recurso de apoio à continuidade das aulas foi citado por 80% das escolas estaduais, 75% das particulares e 42% das municipais.”
Com destaque para as duas plataformas mais comumente utilizadas, Google Workspace for Education e Microsoft 365, pesquisadores alertam para a concentração de poder de mercado em um grupo muito pequeno de empresas coletando dados dos usuários.
Ademais, o estudo aponta que “a terceirização de serviços de TI para empresas privadas desestimula a capacitação técnica de profissionais gestores públicos e estudantes, tornando-os cada vez mais dependente de tecnologias fechadas e estrangeiras”.
Além disso, “essa terceirização ainda obriga o cidadão, no momento de exercício de um direito público – como o acesso à educação –, a aderir de forma compulsória a um mercado privado, correndo o risco de não ter sua necessidade atendida caso não dê o consentimento automático exigido pelos sistemas”.