Dataprev: Transformação digital exige demolir jargões da TI para chegar ao cidadão

Assim como a transformação digital não deve ser mera digitalização da burocracia, o movimento precisa rever o uso da linguagem como cercadinhos especializados, que afastam o cidadão, alvo central de qualquer política digna do nome. 

“Vários especialistas apontam que a linguagem é a principal barreira, a principal cerca de arame farpado, que impede a discussão efetiva. É algo inerente à nossa sociedade, algo para manter a diferenciação de classes, de castas, daqueles que podem e não participar do debate”, ressaltou o presidente da Dataprev, Rodrigo Assumpção. 

A importância de uma linguagem inclusiva foi destacada durante o 50º Seminário Nacional de TIC para Gestão Pública, Secop 2023, realizado em Brasília pela ABEP TIC. “Se associarmos a transformação digital com a transformação da linguagem cidadã vamos dar passos muito mais profundos e mais rápidos”, disse Assumpção. 

No debate com outras empresas públicas de processamento de dados, também discutiu-se como garantir que mesmo os cidadãos que ficam sem franquia de dados durante boa parte do mês consigam manter acesso a serviços digitais fornecidos pelos vários níveis de governo. 

“Transformação digital envolve camadas de complexidade, camadas de infraestrutura. Não existe digitalização sem resolver a infraestrutura básica de telecomunicação, de conectividade. É uma condição sine qua non. Há 20 anos tínhamos a ilusão que passaria. Mas é só o primeiro passo”, disse o presidente da Dataprev. 

“Temos que ir além, discutir letramento, a simplificação dos processos, a montagem da infraestrutura nacional de dados. E além de tudo isso, a simplificação da linguagem. E amanhã vai aparecer mais uma coisa. É uma dinâmica evolução. A construção social de uma comunidade, de projeto de país, não acaba”, completou. Assistam a entrevista com o presidente da Dataprev, Rodrigo Assumpção.