Ensino a distância está muito longe de ser realidade no Brasil
Uma constatação da pesquisa TIC Educação 2019, divulgada nesta terça-feira, 09/06, pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), é que o ensino a distância nas escolas públicas e particulares no ensino médio e fundamental está muito longe de ser uma verdade.
O estudo – feito de agosto a dezembro de 2019 – apurou que apenas 28% das escolas localizadas em áreas urbanas contavam com um ambiente ou plataforma de aprendizagem a distância. Os dados mostram que esse tipo de plataforma voltada para o ensino a distância estava presente em apenas 14% das escolas públicas urbanas, e que se manteve assim nos últimos três anos, sem qualquer investimento.
Já nas particulares, a situação é distinta. Em 2018, eram 47% com algum tipo de plataforma de ensino a distância. Em 2019, esse percentual subiu para 64% das particulares urbanas. Com relação às escolas rurais, o ensino a distância nem acontece, uma vez que apenas 40% delas têm um PC ou uma conexão à Internet.
“O que temos hoje por conta da pandemia é um ensino remoto de emergência. As escolas não estavam preparadas para levar o conteúdo para o remoto. O ensino a distância exige planejamento, o que não aconteceu com a Covid-19, mas é fato, também, que esse ensino remoto deve mudar o modelo daqui pra frente”, afirma Daniela Costa, coordenadora da pesquisa TIC Educação 2019.
Um dado curioso com relação aos professores- vetores essenciais: 93% deles fizeram atualização sobre o uso de tecnologia sozinhos, sem apoio de nenhuma instituição. Na pesquisa, 81% dos professores assumem que fazem uso de vídeos e tutoriais online para aprendizado seja na escola pública ou na particular e 51% deles participaram de algum tipo de curso de educação a distância, antes da elaboração do estudo (os dados foram apurados de agosto a dezembro de 2019).
Se nas escolas, falta infraestrutura, em casa, a situação piora. O estudo apurou que 39% dos alunos de escolas públicas não têm PCs, notebook ou tablet em casa para estudar. A maior parte usa celulares, mas não se conhece se esses dispositivos são os ideiais para armazenar conteúdos e permitir o desenvolvimento das habilidades digitais. O levantamento destaca que 98% dos alunos nas escolas urbanas usam o celular para ter acesso à internet nas escolas, mas também não identificou a velocidade nem o tipo de acesso feito à internet.
A pesquisa também revela que em 2019 aumentou a presença em redes sociais das escolas localizadas em áreas urbanas: 79% possuem perfil ou página em redes sociais, sendo 73% entre as públicas e 94% entre as particulares – números que eram de 67% e 76% em 2018, respectivamente.
De acordo com a TIC Educação 2019, as redes sociais são um dos principais canais de interação entre a escola e a família: na rede pública, 54% dessas instituições afirmam utilizá-las como meio de comunicação com os pais ou responsáveis, enquanto na rede privada, este percentual foi de 79%. Por outro lado, o e-mail institucional é utilizado por apenas 16% das escolas públicas e de 63% das particulares.