Ericsson: cidades vão ser elementos vivos conectados
Especialistas de diversos campos aproveitaram o Futurecom 2018 para discutir como a tecnologia pode contribuir para favorecer a mobilidade urbana. Para além dos aplicativos de transporte como Cabify, Uber e 99, pontos recorrentes no debate envolvem o uso de dados no planejamento viário das cidades e, especialmente, maior flexibilidade do Poder Público na adoção de soluções inovadoras.
“A partir de agora, as cidades vão ser elementos vivos conectados. Os ônibus, os semáforos, as ambulâncias, as pessoas, tudo vai estar conectado. E o grande desafio das cidades é como olhar para todos essa quantidade de informação e colocar inteligência em cima disso para tomar decisões que melhorem o fluxo de pessoas. As pessoas perdem muito tempo se deslocando. Então é olhar para esse problema de como movimentar uma grande quantidade de pessoas usando a menor quantidade de recursos”, apontou o diretor de Relações Institucionais e Governo da Ericsson, Tiago Machado.
Regras em excesso e, pior, a superimposição de competências acabam amarrando a adoção de ferramentas modernas pelas municipalidades. “O grande problema que temos no setor público é o arcabouço de regramentos. A própria elaboração sobre os aplicativos de transporte, no Congresso Nacional, acabou deixando uma coisa estranha: no lugar da desregulamentação, foi no sentido contrário, exigindo decreto etc. Tem muita bobagem, coisas que precisamos tirar dos regramentos para dar fluidez às inovações”, afirmou o gestor de Mobilidade Urbana da prefeitura de Jundiaí, Silvestre Ribeiro. “Os dados de mobilidade estão disponíveis, através das empresas de comunicação, com uso dos celulares. Mas a dificuldade nossa é como contratar esse serviço.”
Como lembra o diretor da Ericsson, as redes móveis são peça-chave na construção das cidades inteligentes. “O 5G entra como um grande guarda-chuva de tecnologias, desde coisas simples como um sensor de chuva, até coisas complexas como câmeras da alta definição. E toda essa informação vai ser trazida para plataformas em nuvem e, em cima disso, vamos usar inteligência artificial. É essa inteligência artificial que vai permitir construir um trânsito mais inteligente, mais seguro, com deslocamento mais agradável e eficiente.”
Para isso, a burocracia não pode ficar no caminho. “Inovar é sempre ir contra o que já está. Com certeza a gente tem uma estrutura, e nem é só no Brasil, mas em qualquer lugar do mundo, em que o governo não olha tão longe para uma solução. O Poder Público tem necessidade de se modernizar e flexibilizar, mantendo sua preocupação de zelar pela mobilidade urbana e pela qualidade de vida. A tecnologia precisa ter um papel fundamental nisso. A adoção é por vezes delicada, lenta, complexa, mas é um desafio constante, e a inovação cada vez mais empurra essa barreira. Com as parcerias corretas, o Brasil pode mudar muito a qualidade do trânsito.