
Por Roberta Prescott
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, enalteceu o Pix no evento de lançamento da funcionalidade Pix Automático, nesta quarta-feira, 4/6, em São Paulo. “Pix é o dinheiro que anda na velocidade do nosso tempo. Em todas as suas versões e inovações, ele permite a coordenação e a colaboração”, destacou no painel de abertura. Focado em pagamentos recorrentes, o Pix Automático estará disponível a partir de 16 de junho.
Para utilizar, bastará autorizar o pagamento da conta pelo Pix Automático uma única vez; e os débitos serão quitados de forma automática na data programada. Trata-se, segundo Galípolo, de uma facilidade que as empresas terão de colocar cobranças automáticas por meio do Pix. “Por muito menos custo que hoje, vão mais segurança de que vão receber; quem vai pagar, pode ter o melhor controle das suas contas e fazer esse acompanhamento de maneira adequada e também com menor custo”, destacou, acrescentando que 60 milhões de pessoas que hoje não tem cartão de crédito poderão ter acesso a uma série de serviços e facilidades.
Com Pix Automático, o Banco Central mira em incluir pessoas que não tinham acesso a pagamentos recorrentes, que, muitas vezes, exigem um cartão de crédito. E, mesmo quem tem cartão de crédito, vai usufruir as facilidades. “Todos nós aqui já sofremos algum tipo de clonagem, algum tipo de fraude e têm que trocar todas as suas assinaturas. Também, quando o cartão está vencendo, tem que trocar todas as assinaturas. O Pix vai conceder essa essa facilidade adicional”, ressaltou o presidente do BC.
Renato Gomes, diretor de organização do sistema financeiro e de resolução do BC, explicou que, para os consumidores, o Pix Automático vai sintetizar uma tríade de comodidade, facilidade e controle. Será necessário consentir para o pagamento automático e colocar limites para cada um.
De acordo com o BC, as autorizações do Pix Automático poderão ser canceladas a qualquer momento pelo pagador. Será possível definir um valor máximo para cada cobrança (impedindo débitos de valor superior ao estipulado), escolher receber ou não as notificações de agendamento dos pagamentos, verificar o histórico de autorizações e gerenciar o limite exclusivo para transações.
Os pagamentos feitos por Pix Automático não afetam o limite Pix disponível para outras transações. Além disso, haverá uma seção dedicada ao Pix Automático na área do Pix no aplicativo de todos os bancos, em que será possível ver todos os agendamentos referentes à modalidade, permitindo melhor controle e melhor gestão do fluxo de caixa pelos cidadãos, inclusive com a possibilidade de cancelar os agendamentos a qualquer momento.
O Banco Central acredita que a ampla oferta do serviço, inclusive, por instituições iniciadoras de pagamentos, deve aumentar o poder de negociação de quem recebe. O BC diz ser esperado um menor custo operacional, pois será preciso contratar uma única instituição participante do sistema para oferecer o serviço. Além disso, será utilizada a moderna infraestrutura do Pix, que gera ganhos de eficiência para o processo de cobrança das empresas.
O Pix Automático não terá tarifa para os pagadores, mas empresas recebedoras poderão ser tarifadas, segundo o BC.
Do lado das empresas, Gomes destacou a expansão da oferta. “Hoje, se uma empresa quer realizar um débito automático, tem de fazer acordo bilateral com banco e estes acordos são custosos e têm fricção. Então, ficam restritos a empresas grandes. O Pix Automático vai permitir que clientes menores façam acordos”, destacou o diretor.
O Pix Automático exige bastante da tecnologia da informação, principalmente, de desenvolvedores de integração e iniciadores de pagamento. “Para que Pix Automático tenha sucesso, é preciso uma ação coordenada: consumidores que vão contratar, as empresas que terão nova ferramenta de cobrança, as instituições participantes do Pix e também precisamos da participação dos integradores e iniciadores de pagamento”, enumerou Gomes.
Para Gilneu Vivan, diretor de regulação do BC, o Pix Automático faz parte da modernização do sistema financeiro e simboliza a integração do Pix com open finance, o que vai permitir adicionar algumas novas possibilidades e características a este produto. “APIs vão entrar junto com Pix Automático de forma a permitir que uma empresa, ao usar iniciador de pagamento, pode trocar de instituição financeira sem que tenha de redesenhar toda a sua carteira de clientes; isso aumenta a concorrência”, detalhou Vivan.
“O futuro dos pagamentos é digital, instantâneos e centrados na necessidade dos cidadãos”, disse Rodrigo Teixeira, diretor de administração do BC.