Governos precisam de CIOs para liderar a incorporação das inovações
A líder global para o Setor Público da Amazon Web Services, Teresa Carlson, lembra ter chegado ao posto de vice-presidente da maior fornecedora de computação em nuvem do planeta numa época em que essa era uma tecnologia desconhecida no meio político. Por isso mesmo, muito trabalho foi feito para convencer o governo dos Estados Unidos que apostar na nuvem seria uma boa estratégia, tanto para resultados quanto para custos. Afinal, se a tecnologia não emplacasse dentro de casa, seria muito difícil convencer outros governos.
“Em 2010, quando começamos o negócio do setor público, começamos com o governo dos EUA porque se aqui não usasse, seria difícil vender para outros países, Brasil inclusive”, afirmou a executiva em entrevista ao Convergência Digital nesta semana em que a AWS realiza seu 10º encontro anual específico para esse segmento de negócios, na capital do país, Washington. “Hoje sabemos que para os governos adotarem esse modelo transformador é preciso cumprir alguns estágios. Mas também é fundamental ter liderança.”
“E há outro motivo para ter esse tipo de liderança”, completou Teresa Carlson. “No mundo inteiro, os principais retardatários dessas inovações são os políticos que criam as legislações. Não digo isso de forma desrespeitosa, mas porque eles em geral não possuem conhecimentos de tecnologia, porque possuem outras origens, são advogados, por exemplo. Aqui mesmo nos Estados Unidos temos essa dificuldade. Os legisladores simplesmente não estão familiarizados”, disse a executiva.
No caso americano, um grande empurrão veio do então inquilino da Casa Branca. “Precisa ter liderança para garantir que os passos estão sendo dados. Nos EUA, isso aconteceu numa época em que o próprio presidente, ainda Barack Obama, empurrou essa agenda. Claro que isso tem muita força. Mas pode ser um CIO, um CTO, um chefe digital, alguém que se reporte à presidência. Alguém que entenda”, insistiu Carlson, que comanda os negócios de ‘nuvem’ junto a governos, entidades educacionais e organizações sem fins lucrativos.
O braço da Amazon para computação em nuvem não apenas responde pela maior fatia dos lucros da gigante da internet como cresce mais rapidamente que a operação de varejo online. Segundo revelou a vice-presidente nesta terça, 11/6, os números fechados do primeiro trimestre deste 2019 apontam para uma receita anualizada de US$ 31 bilhões só com as vendas para setor público, um crescimento de 41% nos 12 meses encerrado em março.
Mas como ressaltou Teresa Carlson, isso envolve o trabalho de mostrar os ganhos potenciais aos diferentes governos, sejam eles nacionais, estaduais ou municipais. Não por menos, a executiva tem na ponta da língua o que acontece em países como o Brasil, onde chegou ainda em 2011. Como principal palestrante do evento, citou o país para festejar o que chamou de estratégia de ‘nuvem primeiro’ adotada pelo governo brasileiro desde o ano passado – e que fez da AWS, em parceria com a Embratel, a primeira fornecedora da nuvem federal.
* Luís Osvaldo Grossmann participa do Public Sector Summit a convite da AWS