P2P pode encerrar a vida útil dos DOCs e das TEDs no serviço bancário

Representantes da indústria de meios de pagamento reforçaram no Ciab 2018, realizado de 12 a 14 de junho, em São Paulo, o posicionamento de que as empresas estão prontas para iniciar a oferta de serviços P2P (Person-to-Person). Executivos da Elo, Mastercard e Visa deixaram claro que a infraestrutura que suporta os atuais meios de pagamento é mais do que suficiente para atender à demanda por serviços P2P.

De acordo com o diretor de Meios de Pagamento do Banco do Brasil, Rogério Panca, se por um lado o Brasil tem uma indústria de meios de pagamento bem consolidada, por outro o País ainda aposta na oferta de serviços tradicionais, como as transferências via DOC ou TED. Mas o executivo acredita que isso deve mudar em breve.

“O Banco Central vem buscando que construamos juntos meios de pagamentos mais eficientes, em uma agenda de redução de custos, e que a gente abra uma cruzada para aumentar e distribuir novos fluxos que tirem o dinheiro de circulação”, afirma. Para isso, a instituição conta com um grupo de trabalho, chamado Pagamentos Instantâneos, que está discutindo quais seriam os requisitos fundamentais para se estabelecer no Brasil um ecossistema de pagamentos instantâneos. 

“O grupo vem discutindo como estabelecer e construir as ações necessárias para que isso saia do papel e se torne realidade. O foco é a redução de custos e a criação de um sistema altamente inclusivo e interoperável”, diz, lembrando que, neste contexto, a indústria de meios de pagamento se encaixa perfeitamente.

O vice-presidente de Produtos, Soluções e Inovações da Visa, Percival Jatobá, lembra que a adoção de pagamentos P2P vem de encontro a demandas específicas do consumidor brasileiro. “As formas de transferência de fundos existentes hoje no Brasil não atendem um ciclo completo, por outro lado, a indústria de pagamentos consegue oferecer esta solução de forma interoperável e universal”, reitera.


Jatobá lembra que as três maiores bandeiras de cartões do País estão caminhando juntas no desenvolvimento de uma solução única. “Os clientes poderão, por exemplo, enviar dinheiro de uma origem Visa para um destino Elo, e isso 24×7”, comenta. “No momento, não estamos disputando quem será o melhor. Precisamos oferecer uma experiência que faça o cliente optar pela indústria de pagamentos”, reforça. 

O diretor de Pagamentos Digitais & Labs da Mastercard, Guilherme Esquível, diz haver urgência no início da oferta de novos serviços de pagamentos. “Na nossa indústria, como no futebol, não existem espaços vazios. Se não tivermos uma proposição de valor para o P2P, alguém terá”, afirma.

O executivo lembra ter participado de um evento, realizado no início de junho, na Argentina, em que o Mercado Pago anunciou uma solução P2P para o comércio. “Isso aconteceu porque a indústria não foi capaz de responder a uma demanda no mercado. Existe uma oportunidade e nós temos que ocupá-la com as soluções que já temos. A infraestrutura requerida para isso já existe”, completa.

E isso não deve demorar. De acordo com Daniel Passarelli, superintendente de Inovação da Elo, os trilhos já estão prontos. “O regulador tem puxado esta agenda com foco em redução de custos, interoperabilidade e disponibilidade imediata de fundos para o recebedor. Mas o poder da mudança está nas mãos do consumidor. A decisão de mudar a experiência será dele”, diz.

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