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Governo

Pane nos servidores da Azure nos EUA põe em risco provedor único de nuvem do Governo

A Microsoft admitiu, oficialmente, nesta terça-feira, 04/09, que os seus “clientes no centro-sul dos EUA” enfrentaram problemas para se conectarem em sua plataforma de nuvem Azure. Foram horas sem acesso a nenhuma aplicação. Aqui no Brasil, falhas como essa corroboram a insatisfação do mercado com a estratégia do governo federal de contratar uma única provedora de serviços para a sua nuvem, possivelmente com a Microsoft à frente dos rivais.

“Engenheiros isolaram um problema com resfriamento em uma parte do data center, o que causou um aumento localizado na temperatura, como a causa raiz preliminar, que agora foi mitigada”, afirmou em comunicado.

De acordo com informações no mercado, após o lançamento desse aviso, que foi por volta das 9h29 (UTC), cerca de 80% dos clientes, inclusive aqueles localizados fora dos Estados Unidos, já teriam conseguido acessar a nuvem pública da Microsoft. Mesmo assim, os demais 20% não tinham previsão concreta de quando teriam os serviços restabelecidos pela empresa.

“Os procedimentos automatizados do data center para garantir a integridade dos dados e do hardware entraram em vigor quando as temperaturas atingiram um limite especificado e o hardware crítico entrou em um processo de desligamento estruturado. Os engenheiros estão agora no processo de restaurar a energia dos dispositivos afetados como parte do processo de mitigação em andamento”, foi como a empresa explicou o incidente. Na maioria dos casos os serviços foram afetados na autenticação do Azure Active Directory downstream.


Credibilidade

Para o mercado privado, em geral, a falha ocorrida na Azure causa transtornos, mas é inerente ao risco que se corre com a escolha de um único provedor de serviços de nuvem. Mas o que dizer de um governo, que tinha inicialmente um projeto de multinuvem e depois o abandona para escolher apenas um único provedor desses serviços?

O governo brasileiro, segundo rumores que correm há meses no mercado, estaria disposto a contratar, via licitação, a Azure, da Microsoft, abandonando de vez com a ideia inicial de se criar uma multinuvem. Em abril, o governo federal fez um ajuste significativo na licitação de serviços de nuvem pública. Abandonou a ideia de adotar múltiplas nuvens orquestradas.

O novo termo de referência trabalha com uma nuvem única, mantendo apenas o modelo de broker, que ficará encarregado de gerenciar todo o serviço. Um choque para a maior parte do mercado que tinha expectativa de participar dessa licitação.

Numa reunião, realizada no dia 10 de maio, na sede do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (foto), técnicos da Secretaria de Tecnologia da Informação explicaram as mudanças no Termo de Referência e receberam uma saraivada de críticas por parte do mercado.

Detalhe: segundo representantes de empresas interessadas na licitação: apenas a Microsoft, que participava da reunião não se manifestou, optando por ficar calada diante das novas mudanças. Isso chamou a atenção. Como a Microsoft estaria calada, sem reagir às mudanças propostas pelo governo, que poderiam deixá-la fora do mercado governamental? Isso acendeu um sinal de alerta nos concorrentes, que vêem no Termo de Referência, sinais claros de que a licitação pode estar sendo dirigida para a Microsoft.

Tais mudanças foram intempestivas e, coincidência, ocorreram durante a saída de Marcelo Pagotti da Secretaria de Tecnologia da Informação. Marcelo, que sempre sonhou com a possibilidade de ser nomeado CIO Federal, viu o projeto da multinuvem naufragar, após tê-lo defendido publicamente. Procurado, não quis revelar quem estaria por trás, dentro do governo, das mudanças que podem resultar num único provedor de serviços de nuvem, em detrimento de outras empresas que sonharam estar atuando conjuntamente.

Em tempos de crise, e depois desse incidente com o Azure, a nova proposta do governo de um provedor único para a nuvem federal – independentemente de ser a Microsoft ou não – tem tudo para ser um tiro no pé.

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