
O Pix Automático, que ficará disponível a partir de 16 de junho, substitui boletos recorrentes como DDA e a modalidade débito automático, mas, principalmente, mira a inclusão de cerca de 60 milhões de brasileiros que não possuem cartão de crédito e ficam de fora de pagamentos recorrentes de serviços, como assinaturas de streamings.
“Muitos consumidores estão excluídos de produtos online, comércio eletrônico, precisamente, pela ausência de um meio de pagamento que contorne a questão de cartões ou consumidores que tenham limite pequeno no cartão e não querem comprometer com pagamento dessa natureza”, respondeu Renato Gomes, diretor de organização do sistema financeiro e de resolução do Banco Central, ao Convergência Digital, em coletiva de imprensa no evento de lançamento do Pix Automático, realizado em São Paulo, nesta quarta-feira, 04/6.
Gomes classificou o Pix Automático como um produto que vai revolucionar como as empresas e os brasileiros recebem e realizam os pagamentos recorrentes. “Vai trazer comodidade, reduzir a inadimplência e facilitar a gestão financeira do consumidor, além de segurança, porque o consentimento do consumidor é etapa necessária”, explicou Renato Gomes.
O executivo do BC aposta que os consumidores vão entender rapidamente o funcionamento do sistema. Do lado das empresas, ressaltou que haverá diminuição do custo de transação. “Existe empresa que tem 200 contas bancárias para poder oferecer o débito automático. O Pix Automático vai permitir consolidar todas as atividades dentro de uma instituição; é uma plataforma aberta”, explicou Gomes, acrescentando que haverá também inclusão das pequenas e médias empresas que hoje não conseguem ofertar débito automático.
De fato, uma pesquisa realizada pela Opinion Box a pedido da Adyen mostrou que 32% dos brasileiros já sabem que o Pix Automático em breve estará disponível e a maioria dos consumidores tem interesse no Pix Automático, com 30% deles afirmando que certamente utilizarão a funcionalidade, enquanto outros 60% consideram adotá-la.
Os entrevistados destacaram como principais casos de uso do Pix Automático o pagamento de contas de casa, como água, luz e internet (55%), de streaming (34%) e de academias (24%). Também apontaram que os principais atrativos são a praticidade de não precisar lembrar de realizar o pagamento (55%) e a possibilidade de evitar atrasos ou multas (46%). No entanto, para que o Pix Automático possa competir com o débito automático bancário e o próprio cartão de crédito, os consumidores esperam benefícios, como cashback (47%), isenção de taxas (37%) e cancelamento facilitado (25%).
Open finance
Ainda que o Pix Automático exista independentemente de open finance, o sistema aberto agrega algumas funcionalidades. Por exemplo, se a empresa tem um convênio de débito automático ou se tem 200 convênios, quando decidir movimentar de um banco para outro, todos os convênios precisam ser refeitos.
Dentro do open finance, conseguirá migrar ou trocar de banco sem ter de refazer todas as autorizações. Outro exemplo é se um estabelecimento que queira usar dois ou mais bancos ao mesmo tempo pode apontar em qual deles quer receber os pagamentos automáticos. Gomes esclareceu, na coletiva, que somente empresas que tenham mais de seis meses podem oferecer Pix Automático aos seus clientes.
O Pix Automático faz parte da esteira de modernização do Sistema Financeiro. O próximo lançamento será o Pix Parcelado, que permite a tomada de crédito no momento anterior de transferência Pix. A estimativa, disse Gomes, é para novembro deste ano.
Além disso, o MED 2.0, a nova versão do Mecanismo Especial de Devolução (MED) do Pix, que o Banco Central está a desenvolver para melhorar o ressarcimento de vítimas de fraudes e golpes via Pix, está sendo aperfeiçoado e permitirá que as empresas realizem operações de crédito.