Pix entra na fase 2.0 com agenda evolutiva do BC
Ao abrir a 35ª edição do Febraban Tech, Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central do Brasil, apresentou a agenda evolutiva da autoridade monetária


A próxima fase do Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI) inclui Pix Automático, Pix Parcelado, Pix por Aproximação, MED 2.0 e Pix em Garantia. “É o que chamo de Pix 2.0”, ressaltou Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central do Brasil, ao abrir o Febraban Tech 2025, que, em sua 35ª edição, reúne cerca de 500 especialistas em dez auditórios e pouco mais de 200 painéis e workshops, em São Paulo, de 10 a 12 de junho.
“Nos últimos anos, o Banco Central, em parceria com a sociedade brasileira e o sistema financeiro, promoveu verdadeira revolução no serviço financeiro”, acrescentou, pontuando que o ambiente incentivou a entrada de novos atores, que introduziram competitividade, e os incumbentes souberam trabalhar com esse ecossistema e se atualizar.
Na semana passada, o BC anunciou o lançamento do Pix Automático, que ficará disponível a partir do próximo dia 16 de junho. Galípolo ressaltou que a funcionalidade vai facilitar para as empresas, que não vão precisar ter conta na instituição financeira que o cliente tem para instituir o débito automático para ele.
O Pix Parcelado possibilitará o parcelamento de uma transação Pix para o comprador, com recebimento para o vendedor, estimulando, segundo o BC, o uso do Pix no varejo para a compra de bens e serviços de valor mais elevado e gerando alternativas mais competitivas no mercado.
“Pretendemos lançar o Pix Parcelado nos próximos meses e isso vai estimular o uso do Pix no varejo para a compra de bens e serviços, especialmente, aquelas que tem valor mais elevado. Quem não tem acesso a um cartão de crédito, vai poder parcelar o seu pagamento. As pessoas terão uma outra alternativa, em um arranjo diferente”, explicou.
O Pix por Aproximação, já em funcionamento, também compõe esta nova “revolução do Pix”. A funcionalidade possibilita a realização de pagamentos por meio de aproximação do celular, aumentando a rapidez da transação e melhorando a experiência do usuário.
“Muitas vezes se pergunta: por aproximação não fica menos seguro? Não, porque você vai precisar fazer todas as certificações ali necessárias, mas sem a necessidade de entrar no aplicativo da sua instituição financeira, conseguindo fazer isso de uma maneira mais rápida”, apontou Galípolo.
Ainda sobre segurança, a versão 2.0 do MED [Mecanismo Especial de Devolução] permitirá a contestação de transações Pix de forma mais simples e intuitiva diretamente por meio do aplicativo dos bancos e de forma digital, sendo aplicável a fraudes, golpes e crimes. “Você vai conseguir fazer esse pedido e permitir às instituições fazer um rastreamento maior”, explicou o presidente do BC.
E, por fim, o Pix em Garantia promete que os fluxos futuros de Pix possam ser dados como garantia em operações de crédito, melhorando a qualidade do colateral e reduzindo o custo do crédito.
“O Pix em Garantia vai permitir justamente que fluxos futuros de pagamento que caem em Pix possam ser oferecidos como uma garantia para algum tipo de financiamento ou antecipação de recursos. Então, se você é um autônomo, se você é um empreendedor, se você tem uma empresa, se você tem algum tipo de recebimento na sua chave Pix de maneira recorrente, isso vai poder ser utilizado e ser percebido e segregado como garantia neste processo de colateralização, que a gente tem tentado evoluir na nossa agenda”, detalhou Galípolo.
Evolução da agenda
Open finance e Drex seguem no foco do Banco Central. Galípolo destacou o aumento de competitividade que o open finance aporta no mercado. “Todo mundo sabe da importância do open finance, tanto por causa da inclusão, quanto da portabilidade e competitividade. É uma agenda essencial do Banco Central. Vai aumentar a concorrência, a oferta e reduzir custo, além de simplificar o processo do devedor com o aumento de portabilidade”, destacou.
Com relação ao Drex, Gabriel Galípolo ressaltou que a moeda brasileira não é uma central bank digital currency, “como a literatura trata”, disse, explicando que a agenda do Drex vai no sentido de atuar como DLT [Distributed Ledger Technology, ou Tecnologia de Registro Distribuído], que vai usar smart contract e tokenização para permitir mais facilidade para compra e venda e crédito colaterizado.
“O sucesso não é feito do BC. O BC criou o ambiente para o ecossistema se desenvolver a partir da criatividade e parceria de todos vocês. Então, a gente tem aqui uma combinação que muitas vezes é rara de se assistir, e neste caso o Brasil serve como um exemplo para o mundo”, finalizou.