Satélite brasileiro promete comunicações blindadas e fim do apartheid digital

Anunciado ainda em 2011, subiu ao espaço às 18h50 desta quinta, 04/05, o primeiro satélite brasileiro desde que os Brasilsat foram vendidos nas privatizações do sistema Telebrás, em 1998. Projeto nascido no auge das promessas de um Plano Nacional de Banda Larga, o satélite geoestacionário de defesa e comunicações chega três anos depois do previsto e com mudanças na proposta – e com seu próprio modelo de utilização questionado na Justiça. 

Mesmo assim, o presidente Michel Temer, que acompanhou o lançamento, feito em Kourou, na Guiana Francesa, a partir do centro de controle da Força Aérea, em Brasília, sustentou que o satélite é um marco. “Com isto vamos democratizar o fenômeno digital no Brasil, já que a banda larga vai atingir todos os recantos do nosso país”, afirmou Temer. O investimento total, na casa de R$ 2,8 bilhões, é uma parceria das Forças Armadas com a Telebras, esta em sociedade com a Embrater. 

Da parte da Defesa, haverá gestão em separado dos cinco canais de banda X. “O satélite vai permitir às comunicações militares de defesa, na medida que é o primeiro satélite operado estritamente por brasileiros, nossa soberania, nossa independência, e para o governo as comunicações estratégicas estarão blindadas”, afirmou o ministro Raul Jungmann. 

A fatia da inclusão digital está, em tese, nos 67 feixes de banda Ka, com capacidade total de 57 Gbps. Essa é a parcela a ser gerida pela Telebras e que deve atender a demanda serviços públicos em áreas remotas – além da capacidade a ser adquirida por provedores de conexão para ofertas de acesso à internet. 

“Apenas com o Ministério da Educação, em um convênio já celebrado com a Telebras, já são 7 mil pontos mapeados de equipamentos públicos municipais, estaduais ou da União que serão em alguns meses dotados de acesso em banda larga. Qualquer escola do Amazonas, Norte, Nordeste Sul Sudeste e Centro Oeste terá acesso a banda larga. E da mesma maneira um convenio com o Ministério da Saúde possibilitar levar banda larga a qualquer equipamento de saúde pública do país”, disse o ministro de Ciência e Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab. 


Com o lançamento bem sucedido nesta quinta, a expectativa é de que o SGDC esteja na órbita correta, a 75 graus oeste, nos próximos dez dias. Para a Defesa, a expectativa é de que em 30 dias ele esteja pronto para o uso. “Em meados de junho a gente vai ter o controle operacional do satélite. Quer dizer que as comunicações das forças armadas poderão ser pelo satélite a partir de então”, explicou o major aviador Rafael Duque, do centro de controle em Brasília. 

A banda larga deve demorar mais. A Telebras torce para estar operacional até setembro, dentro de um modelo que prevê o leilão de 45 Gbps a até três operadoras privadas. Esse modelo, porém, é alvo de um questionamento no Supremo Tribunal Federal, além de uma representação na Procuradoria Geral da República. 

No longo prazo, a promessa feita pelo ministro Kassab depois do lançamento foi de retomada do plano de que o SGDC é apenas o primeiro de uma série. De fato, o plano original era lançar o primeiro satélite em 2014 e o segundo cinco anos depois, em 2019 – fruto do conhecimento assimilado pela Visiona, a parceria entre Telebras e Embraer para o mercado de integração de satélites. 

Mas se lembrou de que o projeto não termina neste primeiro artefato, o ministro também jogou para um futuro distante a materialização dessa promessa. “Em alguns meses vamos iniciar o planejamento da continuidade desse programa. Este é o primeiro. Estamos conquistando tecnologia. E com isso em algumas décadas o Brasil terá soberania também na construção desses satélites”, completou Kassab.

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