Satélite e fibra óptica vão ter de se harmonizar pelo 5G

A tecnologia 5G promete mais do que apenas mais velocidade às conexões móveis. Diferentemente do que aconteceu no processo evolutivo dos padrões anteriores, o 5G implica, na visão de especialistas, uma mudança de paradigma. Ao garantir menor latência e mais confiabilidade às conexões, a tecnologia possibilitará o lançamento de serviços críticos baseados em internet móvel, especialmente aqueles envolvendo Internet das Coisas (IoT) em setores como saúde.

Para garantir que a nova tecnologia tenha uma ampla cobertura geográfica no Brasil, uma questão é certa: fibra óptica e satélite terão de conviver em harmonia. E os executivos representantes de distintos players do setor de telecom, incluindo 5G Americas, Anatel, Embratel StarOne, Huawei, Qualcomm, Nokia e TIM mostraram-se unânimes em painel realizado nesta quarta-feira (17), durante a 20ª edição do Futurecom, em São Paulo.

Agostinho Linhares, gerente de Espectro, Órbita e Radiodifusão da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), disse que a previsão da União Internacional de Telecomunicações (UIT) é que 97 bilhões de dispositivos IoT estejam conectados através da IMT2020 em 2020. Ele lembrou que a agência trabalha na atualização regulatória para as faixas de frequência de 5G (IMT2020) e afirmou: “Se o local não for assistido para que se chegue com fibra óptica, será necessária a integração com as redes de satélite. Precisamos encontrar uma forma de convivência saudável para que o Brasil não fique para trás na adoção dessas novas tecnologias.”

Para o diretor de Assuntos Externos e Regulatórios da Embratel StarOne e presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Telecomunicações por Satélite (Sindisat), Luiz Otavio Prates, o 5G será uma mudança de paradigma, uma nova forma de interagir. “Costumo dizer que 5G não é a evolução de uma rede 4G, mas um novo ecossistema”, reiterou.

No contexto dos preparativos para esse novo cenário, disse Prates, a busca por novos espectros por via terrestre é muito importante, mas o cenário será uma mescla de tecnologias integradas. “Ambas as tecnologias [fibra e satélite] já prosperaram nos últimos anos, trazendo suas contribuições onde cada uma delas é fundamental. É uma discussão desnecessária”, avaliou.


Prates comentou que o Sidnsat vem trabalhando em conjunto com a Anatel em estudos de coexistência de tecnologias e fez o alerta: “Todos devem respeitar as decisões tomadas em conferências globais anteriores. São mais de 190 nações, incluindo pequenas, grandes, emergentes e em desenvolvimento.”

Francisco Soares, diretor sênior de Relações Governamentais da Qualcomm, destacou que o 5G não envolve apenas mais capacidades, mas também tem relação com baixa latência, que permite conectividade para infraestrutura crítica, especialmente em aplicações IoT, e a massificação de IoT em frequências mais baixas. “Os nossos desenvolvimentos serão para todas as frequências no mesmo chip”, afirmou Soares. “Já os primeiros dispositivos vão variar conforme as estratégias dos fabricantes dos produtos [Huawei e Nokia], que trabalharão inicialmente nas bandas de 3,5 GHz e 28 GHz”, antecipou.

Sandro Tavares, head de Estratégias de Campanha da Nokia, concordou com Soares e disse que o grande direcionador para a adoção de 5G é a possibilidade de lançamento de novos serviços. Para o executivo, as decisões devem considerar experiências já vividas por outras economias globais. “Por uma questão de escala, precisamos nos alinhar com as opções e padrões adotados em outras regiões, como Europa, Ásia ou Estados Unidos. Isso tem impacto direto na velocidade de adoção das novas aplicações e serviços.”

Satélite híbrido

Em outro painel, também realizado nesta quarta-feira, no Futurecom 2018, Fabio Alencar, gerente de Desenvolvimento de Negócios Satélites da Embratel StarOne, tratou a questão da integração de tecnologias para a viabilização da 5G em todo o território nacional. Ele destacou que a StarOne opera seis dos 17 satélites brasileiros atualmente em órbita. “O 5G vai exigir disponibilidade e garantia de conectividade em tempo integral, em qualquer lugar. Daí a importância da integração das redes de satélites com as soluções terrestres”, afirmou.

Alencar revelou que a Embratel StarOne lançará em dezembro de 2019 seu segundo satélite híbrido, com vistas a atender não só aos clientes de 4G, mas também já se preparar para a demanda de 5G.

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