Serpro e Dataprev são escudo do governo no trato com gigantes globais de TI
Não é de hoje que o mercado privado de tecnologia da informação reclama por mais espaço em compras públicas, com uma queixa especial contra os direitos de preferência que a legislação permite para as grandes estatais de TI.
A bronca mais recente foi com o contrato de R$ 2,2 bilhões que o Ministério da Gestão firmou com a Dataprev – um grande guarda-chuva para serviços digitais aos órgãos públicos federais. A Assespro classiicou o contrato como vantagem desleal.
Em entrevista à Convergência Digital, o presidente da Dataprev, Rodrigo Assumpção, rebateu as queixas como erro do mercado privado, que teria nas principais empresas de TI públicas, Serpro e a própria Dataprev, os maiores compradores de produtos e serviços de tecnologia.
“Nem Serpro, nem Dataprev, jamais competiram e imagino que jamais vão competir no mercado. Nós existimos para servir ao governo. E somos os maiores contratantes do mercado privado de TI. Não nos enxergar como parte do Estado e achar que estamos competindo com o mercado me parece uma visão muito equivocada”, afirma Assumpção.
Para o presidente da Dataprev, as estatais servem de anteparo na relação comercial de entes públicos não especializados em TI, especialmente quando essa relação se dá com as maiores empresas do mundo no setor.
“Pensar que um órgão lá na ponta vai ter condições de efetuar um diálogo efetivo com grandes empresas multinacionais de tecnologia da informação que hoje dominam o mundo, não é real. Até para conversar, para ser ouvido, para ser enxergado por uma entidade gigantesca como uma Microsoft, uma Google, no mínimo precisa aparecer no microscópio. E quem aparece no microscópio não são os diretores de TI da ponta, mas Serpro e Dataprev”, diz Rodrigo Assumpção.