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USP, AWS e INOVAHC criam Modelo de Linguagem nacional para triagem de processos judiciais na saúde

Os tribunais do país devem receber, somente em 2025, 800 mil novos processos com demandas de saúde. Expectativa é reduzir o tempo de análise, que hoje está em torno de 100 dias. Piloto começa em setembro.

A AWS, o Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME-USP) e o Hospital das Clínicas (HCFMUSP), por meio do INOVAHC, anunciaram nesta quarta-feira, 13/08, em São Paulo, o desenvolvimento de um Modelo de Linguagem Especializado (SLM, na sigla em inglês) para acelerar as decisões judiciais na saúde. De acordo com dados revelados no AWS Summit São Paulo, a judicialização da saúde cresce em ritmo acelerado e há uma projeção de 800 mil novos processos em 2025, com 25% de crescimento em relação a 2024.

A demanda sobrecarrega os Núcleos de Apoio Técnico do Judiciário (NatJus), responsáveis por pareceres técnicos que, antes emitidos em até 24 horas, agora podem levar até 20 dias em algumas jurisdições. O projeto AWS USP e INOVAHC veio para permitir o uso da inteligência artificial generativa. A expectativa é que, com a triagem automatizada de até 80% dos casos, o tempo médio de resposta seja drasticamente reduzido, melhorando a eficiência do sistema e a qualidade da prestação jurisdicional à população.

“O sistema atual é inoperante e não tem capacidade de fornecer um parecer ao juiz para ajudar a resolver uma questão judicial”, afirma Giovanni Cerri, titular da faculdade de Medicina e diretor do Hospital das Clinicas, responsável pelo Inova HC. Para o professor João Eduardo Ferreira, da USP, os LLMs estão sendo cada vez mais disponibilizados no mercado de IA, mas sem a especificidade de conhecimento necessária para atuar na saúde. “Os juízes precisam ter pareceres técnicos, baseados em fatos, para darem suas sentenças”, adiciona.

O projeto – que conta com 22 profissionais de dados da USP e dois arquitetos da AWS – prevê a integração da IA generativa à triagem de processos judiciais da saúde, com o objetivo de reduzir atrasos e apoiar magistrados na tomada de decisão. A tecnologia seguirá parâmetros pré-definidos, consultando bases de dados públicas para verificar pendências, classificar casos por urgência, aplicar checklists e analisar evidências clínicas e jurídicas — sempre em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Modelo brasileiro


“O SLM será um modelo brasileiro, de código aberto, adaptado às realidades e desafios locais, para tornar as análises e julgamentos mais rápidos em benefício de toda a população, respeitando a privacidade dos detentores dos dados”, antecipa Paulo Cunha, diretor para o Setor Público na AWS Brasil.

A AWS fornecerá infraestrutura para análise de dados, além de créditos para apoiar o trabalho dos especialistas em engenharia de dados do IME-USP. Todos os dados utilizados pelo SLM serão anonimizados e a AWS não terá acesso a eles. Além de pareceres, o banco de dados contará com artigos médicos especializados e outros materiais relevantes para as análises.

A equipe espera concluir a prova de conceito no Tribunal Regional de Santa Catarina até o final deste ano. O objetivo é que, posteriormente, o SLM seja incluído como uma funcionalidade do e-NatJus, plataforma que reúne documentos de apoio aos magistrados para decisões na área da saúde.

A AWS fornecerá infraestrutura para o modelo de IA por meio do Amazon SageMaker HyperPod. A ferramenta ajuda a escalar rapidamente as tarefas de desenvolvimento de modelos, como treinamento, ajuste fino ou inferência, em um cluster de centenas ou milhares de aceleradores de IA. O cliente tem total visibilidade e controle sobre a priorização de tarefas e sobre a alocação de recursos computacionais em cada uma delas.

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