Inovação

Basf investe na capacitação de pessoas para aumentar uso de IA

A inteligência artificial (IA) na Basf está no dispositivo desenvolvido pela startup Noar que emite cheiro seco com fragrâncias com apoio do aplicativo B-Scent. Também está presente no mapeamento digital de plantas daninhas, levando à redução do consumo de herbicidas no controle de plantas daninhas resistentes e de difícil controle. Os projetos de IA começaram na empresa multinacional química há alguns anos e estão em algumas áreas, conforme explicou ao Convergência Digital Edson Akiyama, diretor de customer enabling na BASF na América do Sul.

A inteligência artificial respalda o desenvolvimento de produtos e serviços e, quando se trata de adoção em áreas de negócios e funcionais, como finanças e recursos humanos, os estágios de maturidade são muito diferentes, segundo Akiyama. “Temos áreas extremamente avançadas. Lançamos um produto, em março de 2022, na área de fragrâncias que chama B-Scent, que é uma fragrância digital. Trabalhamos dentro do conceito de internet dos sentidos, que vai transformar a indústria até 2030, com a combinação de 5G, IA e outras tecnologias”, disse.

O B-Scent promete revolucionar as experiências relacionadas à perfumaria, uma vez que o aparelho libera no ar a fragrância escolhida a partir de comando dado no aplicativo. O dispositivo, criado pela startup Noar, será, segundo a Basf, amplamente utilizado pelos representantes da multinacional para apresentar as diversas fragrâncias usadas na indústria de perfumes, cuidados pessoais e limpeza doméstica.

“A utilização da internet não será apenas por browser, mas estendida para você sentir gosto, cheiro, tocar. Cada vez mais, vivemos em um mundo interativo e, neste sentido, trabalhamos a área de fragrância digital, onde, em vez de enviar as fragrâncias de forma líquida, nós criamos em parceria, através de inovação aberta, com uma startup para criação de um dispositivo controlado por aplicativo e você tem catálogo de fragrâncias”, detalhou.


O dispositivo conta com algumas tecnologias, como nanotecnologia, que emite fragrância seca. Segundo Akiyama, por trás há combinação de IA, machine learning e big data. “Esta é uma das tendências que estamos trabalhando aqui.”

Retrospectiva

O uso da inteligência artificial teve início, mais ou menos, em 2015 pela área de supply chain dentro de um movimento global. Na América do Sul, a Basf, seguindo quatro pilares que norteiam a companhia na região — transformação de mentalidade; experiência do cliente e inovação; eficiência; e sustentabilidade —, promoveu o desenvolvimento de uma cultura para inspirar as pessoas por meio de transformação de mindset, capacitação e, depois, um programa de intraempreendedorismo para elas aplicarem a IA no dia a dia. Em outras palavras, o objetivo era fazer com que os funcionários entendessem a inteligência artificial, seu potencial e buscassem casos de uso de projetos nos quais a IA poderia ser adotada.

“Criamos programas de inspiração para as pessoas, por meio de canais de comunicação que abrimos na empresa trazendo gente para falar de tendências, de IA e convidamos todas as pessoas. Sempre alguém da alta gerência abre as palestras. Isso gerou mais conhecimento; e o conhecimento gera inspiração”, contou.

Em outras frentes, Edson Akiyama relatou que na sua área são trabalhados 16 canais de vendas e IA é usada no processo de captação de leads: para filtro, seleção, captação de novos clientes, vendas cruzadas e retenção de clientes. “Dentro da estrutura de comércio eletrônico tem muito de IA, tanto por trás do processo, como na parte de front para recomendação de produtos. São usados big data e machine learning para fazer análise de quem compra com o quê, análises de mercados local, regional e global”, explicou.

A inteligência artificial está também no processo de cálculo do quão natural é um produto. “São calculadoras inteligentes que pegam a formulação dos clientes e nós os ajudamos a ter mais compostos naturais”, detalhou. Nos centros de inovação — são dois, um voltado a cuidados pessoais e outro para cuidados para casa —, além da inovação aberta com workshops com os clientes, a inteligência artificial está presente nas soluções.

“De lá saem ideias de desenvolvimento de novos produtos e usamos IA, seja para descobrir potenciais soluções para Basf, seja para os clientes”, disse Akiyama, para quem o estágio de maturidade de IA é heterogênea, com algumas áreas com utilização mais baixa e outras extremamente alta.  

Menos herbicidas

Na agricultura, por exemplo, o uso de IA está bastante avançado.  A Basf lançou a ferramenta xarvio field manager que ajuda os agricultores a aproveitarem ao máximo o potencial de seus talhões, levando a aumento da eficiência, economia de tempo e otimização dos insumos para proteção de cultivos. Está no xarvio a funcionalidade de mapeamento digital de plantas daninhas, que, segundo a multinacional, pode levar a uma redução de, em média, 61% no uso de herbicidas no controle de plantas daninhas resistentes e de difícil controle.

A solução, que teve seu pré-lançamento comercial na safra 2019/2020 e foi disponibilizada em cem propriedades agrícolas, com lançamento comercial em agosto de 2020. “Nós usamos xarvio junto com nossos clientes para ajudar agricultores na melhor utilização da produção agrícola deles com água e defensivos, tendo a melhor aplicação dos produtos da Basf. Antes, você sobrevoava com avião determinado espaço e borrifava herbicidas, defensivos agrícolas, mas podia haver contaminação cruzada. Com xarvio, entendemos qual área tem de ser aplicado”, ressaltou.

Segundo a Basf, desde 2017, o serviço mapeamento digital de plantas daninhas, do xarvio field manager, foi responsável por uma economia total de perto de 28,8 bilhões de litros de água usada na diluição dos defensivos agrícolas. Na safra 2021/2022, foram poupados 28 milhões de litros (dados Brasil). “Podemos sobrevoar com avião, tirar foto com alta granularidade e, assim, você consegue corrigir e ver em detalhes até solo as áreas que precisam ser tratadas. Você vê se tem larvas, se tem ferrugem, as doenças das plantas, e depois você sobrevoa e faz aplicação precisa naquele espaço”, explicou.

Na parte de irrigação, é possível fazer o controle de onde precisa colocar água, fazer o controle do solo, segundo as estações meteorológicas. Toda a análise faz uso de IA para identificar o nível de umidade e colocar a quantidade exata de água.      

 

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