Brasil precisa fazer mais para crescer o uso da Inteligência Artificial
Para analisar se o Brasil está preparado para alcançar os potenciais benefícios trazidos pela Inteligência artificial, a consultoria americana DuckerFrontier, a pedido da Microsoft, elaborou o Índice de Preparação para a IA (AI Readiness Index), um indicador que cruza as variáveis de desenvolvimento e disseminação da IA e une todos os fatores relacionados à sua implementação. Na análise, foram considerados sete países da América Latina: Brasil, México, Chile, Colômbia, Peru, Argentina e Costa Rica.
De acordo com o índice, o Brasil está em uma posição que pode melhorar para acelerar a adoção de IA em relação à outros países na região, como o Chile, o México, e a Colômbia, conforme mostra o pilar de “Desenvolvimento e Disseminação de IA” do índice. Neste pilar, o Brasil está bem posicionado nos quesitos cibersegurança e ecossistema tecnológico, figurando na segunda posição em ambos. Já em capital humano e ambiente de inovação, o país está em posição desfavorável, ocupando o 7º e o 6º lugares, respectivamente.
O estudo destaca ainda cinco categorias que deveriam ser priorizadas para o desenvolvimento de IA no país: governo, serviços públicos e governança; educação, habilidades e capacitação; pesquisa, inovação e desenvolvimento; infraestrutura de tecnologia; e ética, regulamentação e legislação. É citado como exemplo a necessidade de um amplo compromisso do governo em liderar o desenvolvimento de uma estratégia nacional de IA aliado com o envolvimento do setor privado, da academia e da sociedade civil.
Alguns passos previstos na pesquisa para que o governo prepare o país para essa transformação de forma ética, transparente e com um impacto positivo na sociedade são investir no poder da computação em nuvem, criação de um banco de dados nacional para uso público e privado, criação de um Centro Nacional de Pesquisa em Inteligência Artificial, uso de IA na prestação de serviços públicos, inclusão de habilidades relevantes para a IA no sistema educacional como inteligência computacional e treinamento digital para servidores públicos. Além disso, o estudo também faz recomendações para fomentar a participação de mulheres em carreiras de tecnologia e estímulo a startups.
O levantamento foi divulgado nesta segunda-feira, 11/11, na segunda edição do AI + Tour, evento da Microsoft que percorre oito países da América Latina, incluindo o Brasil, para apresentar como a Inteligência Artificial (IA) já é uma das principais alavancas de transformação digital e o potencial da IA no futuro dos negócios e da sociedade.
Com uma apresentação sobre como a evolução da IA vai modificar a sociedade em que vivemos, Tim O’Brien, diretor geral de programas de IA da Microsoft, ressaltou a importância de desenvolver essa tecnologia de forma transparente, ética e responsável. “A IA tem potencial para nos ajudar a resolver alguns dos maiores desafios do mundo. A oportunidade é significativa, mas o design, o desenvolvimento e o uso responsáveis são igualmente importantes. A tecnologia e as ciências sociais devem andar lado a lado para garantir um impacto positivo nas pessoas e na sociedade”, diz O’Brien.
As simulações, que consideram as áreas de serviços públicos, prestação de serviços corporativos, comércio varejista, atacadista, hotelaria e alimentação, construção, manufatura, mineração, água e energia, e agricultura e pesca, mostram que a adoção máxima de IA no país pode aumentar a taxa composta anual de crescimento (CAGR) do Produto Interno Bruto (PIB) para 7,1% ao ano até 2030, considerando um cenário de máximo impacto pelos benefícios da IA. Esse é um aumento superior à projeção de 2,9% de crescimento do PIB feita pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) no mesmo período.
Segundo o estudo, o maior avanço do PIB viria acompanhado ainda de um crescimento até quatro vezes maior nos níveis de produtividade do país, podendo chegar a uma taxa composta anual de crescimento de até 7% ao ano no período até 2030, comparada a 1,7% de crescimento ao ano estimado pelo Banco Mundial e pelo FMI.