ConnectDay: Philips quer estar à frente da interoperabilidade dos dados na saúde
“A pandemia da Covid-19 fez o setor de saúde mudar radicalmente, passando a adotar novas tecnologias e a melhorar o acesso aos pacientes. A pandemia também expôs as lacunas que precisamos solucionar.” Assim, Caroline Zago, head de entreprise informatics para América Latina na Philips, abriu a 11ª edição do Connect Day, evento da Philips com foco em tecnologia da saúde realizado em São Paulo nos dias 29 e 30 de outubro.
Enquanto novas tecnologias ligadas à inteligência artificial emergem como tendências, principalmente ligadas a medicinas preventiva e diagnóstica, há desafios que ainda precisam ser endereçados como a interoperabilidade de dados e o fomento ao conhecimento e ao uso das ferramentas, tanto por parte dos médicos como gestores e funcionários.
“A transformação digital como um todo e as oportunidades de uso de inteligência artificial como machine learning ou a inteligência artificial generativa são ferramentas essenciais para enfrentar o desafio que o setor tem passado. É um caminho sem volta, temos de usar ferramentas e um desafio é que todos os profissionais conheçam as tecnologias”, pontuou Patricia Maeda, presidente da unidade de negócios de B2C no Fleury, que participou de um painel para discutir as próximas fronteiras da transformação digital na saúde.
Também participante do debate, o CEO do Hospital Oswaldo Cruz, José Marcelo de Oliveira, observou que capacitar hospitais para o futuro da informática em saúde é primordial. “A digitalização da saúde está em estágio intermediário. Os desafios são de cultura, de custo e de acesso à tecnologia. Leva um tempo, tem uma curva de adoção e, no momento da transição, temos mais custo que eficiência e mais risco que oportunidade”, acrescentou.
Fabia Tetteroo-Bueno, head global de vendas de entreprise informatics na Philips, aproveitou o ConnectDay 2024 e apresentou números oriundos do estudo Future Health Index 2024, que ouviu 3 mil líderes da indústria de serviços de saúde, dando um panorama de que o setor enfrenta problemas e desafios muito parecidos ao redor do globo.
“Todos estão tendo de fazer mais com menos e a Covid só piorou a situação”, alertou. “Hoje, no mundo, quem ganha dinheiro com saúde é farmacêutica, o resto está apertado”, seguiu, informando que 94% dos líderes de healthcare no Brasil afirmaram estar enfrentando desafios financeiros, com o setor público tendo cada vez menos dinheiro e o privado com limites para repassar custo ao cliente.
Ainda falta cultura de dados na saúde
Falando especificamente de tecnologia, Fabia Tetteroo-Bueno destacou que 92% dos líderes entrevistados disseram que as organizações têm desafios na integração de dados e estão demorando cada vez mais para trocar o parque instalado. “Sempre investimos em saúde e agora estamos investindo mais que nunca e fazendo aquisições. Pensamos na jornada do começo ao fim, como podemos melhorar as eficiências clínica e operacional e para isso trabalhamos com conceito de neutralidade de fornecedor”, explicou.
“A interoperabilidade de dados é o maior desafio e talvez seja o maior ganho quando conseguirmos comunicar dados de forma correta. Mas ainda não temos uma cultura de dados na área de saúde. Outro grande desafio é a segurança de dados”, opinou Anderson Nascimento, CEO da Rede Total Care (Grupo Amil). Para ele, a inteligência artificial preditiva vai impactar muito o setor, ao criar uma jornada de saúde de predição de doença.
“Ainda temos de fazer muito, porque hoje temos uma medicina reativa, esperamos ter a doença e tratamos, não conseguimos ter a predição, porque é assim que geramos saúde e tratamos de forma mais barata”, adicionou Nascimento, para quem a inteligência artificial preditiva é o futuro para virar o jogo na prevenção. No curto prazo, Patricia Maeda, do Fleury, aposta nas tecnologias de reconhecimento de imagem para melhorar a acurácia da detecção de doenças como câncer de mama e o uso de inteligência artificial generativa e machine learning para melhorar os canais de atendimento.
Em destaque
O Connect Day 2024 marcou o lançamento do Medical Device Integration uma solução para integração de dispositivos médicos, capaz de liberar dados de dispositivos médicos conectados ao paciente e, em seguida, agregar, analisar e compartilhá-los. “Os hospitais enfrentam no dia a dia o desafio de lidar com grandes volumes de dados clínicos”, disse Elad Benjamin, líder global de CI&I na Philips, ao explicar a necessidade da interoperabilidade clínica. “A integração clínica e insights acionáveis melhoram os resultados para cada paciente, tornando o complexo simples e o simples perspicaz”, destacou o executivo, explicando que a interoperabilidade de dados clínicos fornece a base para melhorias no fluxo de trabalho.
Elad Benjamin chamou a atenção para o fato de que as organizações precisam ter uma estratégia de dados, pois conseguir “acessar os dados do paciente em todos os dispositivos e sistemas significa poder priorizar melhor o atendimento ao paciente”. Em outras palavras, é permitir que cada membro da equipe de atendimento possa responder a perguntas relacionadas ao passado e presente do paciente e antecipar o futuro.
Investimentos
A Philips investe globalmente no setor de saúde US$ 1,7 bilhão, sendo que metade desse montante vai para software. Nesse cenário, computação em nuvem tem forte participação, já que a companhia enxerga que a infraestrutura nas empresas do setor está defasada e cloud pode ajudá-las a fazer atualizações. Para tanto, tem trabalhado em aplicações baseadas na nuvem, integração de diagnósticos, IA e interoperabilidade.
“A mudança para computação em nuvem não será um pulo, será passo a passo, uma jornada”, afirmou Tetteroo-Bueno, compartilhando que a Philips conta com 26 clientes em cloud no Brasil, somando uma média de 2.150 usuários por mês. “Não há um único sistema de saúde que não esteja indo na direção da nuvem”, afirmou Shiv Gopalkrishnan, líder global de patient care informatics na Philips. “A única maneira de reduzir custos e de inovar é por meio da nuvem, que se tornou uma necessidade fundamental”, acrescentou.