Eletrônicos, informática e químicos lideram inovação no Brasil
Em 2021, a taxa de inovação no Brasil foi de 70,5%, percentual relativo às empresas industriais com 100 ou mais pessoas ocupadas que lançaram um produto ou implementaram um processo de negócios novos ou substancialmente aprimorados. Dessas, 37,8% lançaram produtos e implementaram processo de negócios novos; 20% implementaram só novos processos de negócios; e 12,7% lançaram somente novos produtos. Por faixa de pessoal ocupado, as empresas de maior porte são as mais inovadoras: as que têm 500 ou mais pessoas ocupadas têm taxa de 76,7%; as de 250 a 499, 75,3%; índice que cai para 66,6% na faixa de 100 a 249.
Considerando o conjunto de empresas industriais inovadoras, 33,9% investiu em pesquisa e desenvolvimento. Os setores que se destacaram nesse indicador foram os de equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos (66,6%), de produtos químicos (65,3%) e de farmacêutica e farmoquímica (63%). Já em setores menos tecnológicos, como vestuário, madeira e manutenção e recuperação, a taxa é inferior a 3%. O maior percentual de empresas que investem em P&D (56,3%) ocorre nas empresas de grande porte, acima de 500, e entre 250 e 499 pessoas ocupadas (36,8%).
Os dados fazem parte da Pesquisa de Inovação Semestral (Pintec Semestral) 2021: Indicadores Básicos, investigação inédita que traz novos dados sobre inovação e temas correlatos. O objetivo é traçar o retrato da inovação no Brasil, ao levantar informações referentes ao investimento empresarial em Ciência, Tecnologia e Inovação no país.
A pesquisa, de caráter experimental, investigou uma amostra de 1.454 empresas de médio e grande portes – acima de 100 pessoas ocupadas – das indústrias de transformação e extrativas, de um universo de 9.408 companhias com esse perfil. Os dados vão subsidiar implementação, aperfeiçoamento e monitoramento de políticas públicas e estratégias das empresas.
Os temas abrangeram incidência de inovação, cooperação, obstáculos, empresas que realizaram dispêndios em P&D, expectativas de dispêndios em P&D, impactos da pandemia de Covid-19 e publicação de relatório de sustentabilidade. Há dados para Brasil, sem desagregações regionais. A pesquisa é fruto de uma parceria entre IBGE, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O setor de produtos químicos lidera o ranking das empresas inovadoras com taxa de 87,0%, superando até mesmo equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos, o segundo, com 86,5%, e veículos automotores, com 84,7%.
Considerando-se o percentual de empresas inovadoras em produto, (50,5%) mais uma vez, o setor químico lidera (76,0%); seguido por produtos diversos (74,4%), no qual se incluem materiais hospitalares; máquinas e equipamentos (71,9%); e farmoquímica e farmacêutica (69,9%).
“Nesse período de pandemia, faz sentido o investimento na inovação de produtos hospitalares, assim como na farmoquímica, todos com índice próximo a 70%.” analisa o gerente de Pesquisas Temáticas, Flávio José Marques Peixoto.
A pesquisa também permite a análise do grau de novidade da principal inovação de produto. “Dentre as empresas industriais que inovaram em produto, a tendência é de que tenha sido mais inovação incremental: 65,6% dos produtos foram novos apenas para a empresa; 28,9% eram novos para o mercado nacional, e apenas 5,5% foram inovações para o mercado internacional. Isso mostra como pode ser mais complexa a inovação de produto. Já existe o produto no mercado, mas a empresa passou a aprimorá-lo, e não necessariamente tenha criou um novo produto”, ressalta Peixoto.
Ainda referente à principal inovação de produto, para 65,0% das empresas, a inovação ocorreu de acordo com o esperado; para 16,2%, superaram as expectativas; e 14,1%, abaixo do esperado; enquanto 4,7% consideram que ainda é cedo para avaliar.
A taxa de inovação em processo de negócios é de 57,9%, percentual que ultrapassa 60% entre as grandes empresas. Os processos de negócios relativos à organização do trabalho concentram o maior percentual de inovação (40,6%), seguidos por práticas de gestão ou relações externas (37,5%), marketing (33,5%), processamento de informação e comunicação (32,5%) e produção de bens ou serviços (31,6%). Apenas inovação em processos de contabilidade e operações administrativas, e em logística de entrega e distribuição, a taxa de inovação é abaixo de 30%.
O setor de equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos é o de maior incidência de inovação em processo de negócios (79,2%), seguido pelo setor de produtos químicos (73,7%) e de veículos automotores (70,9%).
“Das sete categorias de processos, 13,2% das empresas apresentaram um comportamento mais robusto, inovando em seis ou sete categorias. Outras 26,6% inovaram entre três e cinco tipos de processos e 18% inovaram em um ou dois processos de negócios. Mas a maior parte, 42,1%, não fez inovação de processo de negócios”, destaca Peixoto.
* Com informações do IBGE