FINEP aporta R$ 3 milhões em gêmeo digital para IoT da indústria 4.0
Um grupo de empresas pernambucanas formado pela In Forma, especializada em tecnologia da informação para Gestão de Ativos de infraestrutura, DI2WIN, especializada em Inteligência Artificial para Gêmeos Digitais, e pelo CESAR, centro de inovação do país, especialista em transformação digital e Internet of Things (IoT), recebeu a primeira parcela do aporte de R$ 3 milhões concedidos pela agência Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para desenvolver um Gêmeo Digital da Indústria 4.0. O objetivo é modernizar a gestão das utilidades industriais no Brasil e no mundo.
A proposta é aumentar a capacidade de produção industrial, com ganhos de eficiência energética, sustentabilidade ambiental e qualidade da produção, além de reduzir perdas de produção e desgaste precoce de máquinas. Para obter tantos benefícios, o projeto vai melhorar a alimentação de energia elétrica, de água, de vapor, de calor, de combustível e outras utilidades e também o tratamento dos efluentes com impacto ambiental.
O ponto focal da melhoria está em criar um gêmeo digital, que é um software que reproduz o comportamento e as características das instalações industriais no mundo eletrônico. Assim, pode-se analisar, simular e até predizer o comportamento futuro dos equipamentos sem precisar fazer experimentos físicos sobre eles.
Mais ainda, o gêmeo digital pode estar ligado a sensores que monitoram as instalações físicas, de maneira que esteja permanentemente atualizado sobre o estado dos equipamentos. Isso permite reagir em tempo real às variações nas condições de funcionamento da planta industrial, reduzir perdas e mitigar riscos de catástrofes. Essa estrutura de sensoriamento, transmissão de sinais e tratamento deles com inteligência artificial é chamada de IoT ou Internet das coisas. IoT pode revolucionar o desempenho dos ativos industriais e é isso que In Forma, DI2WIN e CESAR estão buscando.
As atividades do projeto se iniciaram desde 2020 e foram aceleradas com o recebimento dos recursos da Finep. A primeira etapa tem previsão de término em setembro, quando o primeiro MVP ou Produto Mínimo Viável estará instalado em algumas clientes-anjo, que são indústrias interessadas em servir de laboratório para essa revolução na gestão das suas utilidades. Ao longo do projeto serão desenvolvidos quatro MVPs.
A experiência de mais de 20 anos da In Forma na gestão da operação e manutenção deste tipo de ativo mostra que o custo de uma manutenção de urgência é entre 20 a 100 vezes maior que o custo da mesma manutenção feita de forma programada. Isto se deve às dificuldades logísticas como mobilizar recursos humanos, materiais e serviços de terceiros de forma emergencial e o custo da falha ocorrida, incluindo a perda do ativo ou a redução do seu tempo de vida.
“Em especial, nos setores regulados, o custo da falha pode ser muito alto porque está relacionado à indisponibilidade de serviços essenciais e sem reposição. Então, as falhas tanto podem gerar perda de faturamento como penalidades contratuais ou regulatórias”, afirma o CEO da In Forma, Ismar Kaufman.
Segundo ele, a plataforma de virtualização proposta avança conceitos de engenharia e gestão de ativos criando uma ponte entre áreas tradicionais da indústria e a ciência de dados avançada. “Mais que um ambiente de réplica virtual, a solução se propõe a integrar indústrias em diferentes estágios tecnológicos, com diferentes tecnologias de aquisição de dados, visualização e modelagem, análise de dados complexos e em tempo real, que permita predições e prescrições autônomas”, conclui.
Por sua vez, o diretor da DI2WIN, Paulo Tadeu Araújo, explica que uma das principais metas do projeto é buscar gêmeos digitais cognitivos que possam evoluir os conceitos anteriores na direção de prescrições autônomas com base em ações, correlações e resultados passados. “Este modelo permitirá a criação de réplicas digitais multifacetadas do ambiente virtualizado integrada com a tecnologia, a orientação a serviços, a modularidade, a descentralização e a interoperabilidade da Indústria 4.0”.
Para o diretor do CESAR, Benedito Macedo, o grande mérito da proposta é auxiliar no sentido da ampliação da competitividade do parque industrial brasileiro. “O produto tem o mérito de transformar a manutenção preventiva em manutenção preditiva. Neste sentido, é possível alcançar níveis de eficiência e de custos capazes de colocar a indústria brasileira em um novo patamar de competição”, argumenta.