Inovação

Ford avança com IA para se adiantar às demandas dos consumidores

A indústria automotiva abraçou a inteligência artificial há algum tempo. Basta observar como os carros têm incorporados sensores e funcionalidades com assistentes tecnológicos que auxiliam o motorista. “A grande tecnologia disruptiva dentro da nossa indústria foi — e ainda é — a conectividade nos carros. E, quando falo em conectividade, estou falando da conectividade de o carro possuir seu modem e SIM card que conversam com a nuvem e que não usam os dados da rede do celular do cliente. Isso revoluciona a relação com o cliente, porque, ao estar conectado com a nuvem, o carro fica falando o que está acontecendo com ele. A inteligência artificial é a ferramenta que vai processar este monte de dados e, por exemplo, apontar que terei de entrar em contato com o dono do carro antecipando problemas”, ressaltou Luciano Driemeier, gerente de mobilidade e novos negócios da Ford, ao começar a entrevista exclusiva com Convergência Digital para contar os projetos de IA que a montadora tem no Brasil.

Driemeier trabalha na Ford desde 2006, atuou como gerente de projetos da América do Sul, onde liderou o desenvolvimento de projetos relevantes para a região como o Ka, bem como participou do desenvolvimento global do novo Mustang, e da Ásia-Pacífico, onde gerenciou o desenvolvimento do Figo para a Índia.  Ele explicou que é graças à quantidade enorme de dados e à inteligência artificial que é possível categorizar as severidades, entendê-las e usar essas informações para ensinar os modelos.

Com o avanço da tecnologia, a Ford está intensificando o uso de IA, indo mais além de criar facilidades ligadas à assistência de direção para o consumidor e focando na oferta de mais serviços. “O cliente, quando compra o carro, compra com a conectividade, é algo que já vem disponível. Fazemos um acompanhamento preventivo inteligente que é totalmente proativo. Esta é a grande questão da conectividade. We care before you need”, explicou o gerente.

Diversas frentes


A Ford, enquanto corporação, trabalha com diversas frentes de adoção de inteligência artificial, da implantação de sensores em carro e chatbot para atendimento ao consumidor à criação de modelo de negócio de carros por assinatura, o Ford Go. “No Ford Go, tudo é digital, desde o onboarding. Temos muita IA para, por exemplo, atuar em antifraude e no entendimento de capacidade de crédito”, disse Luciano Driemeier. 

Ford também adota inteligência artificial para agilizar o atendimento aos consumidores. Batizado de FORDi, o assistente virtual pode ser acessado tanto pelo site da marca como pelo Whatsapp e está programado para responder sobre vários assuntos, desde veículos, peças, serviços, garantia e recalls até sobre concessionárias e financiamento. Na América do Sul, ele opera na Argentina desde 2019 e foi lançado, recentemente, também na Colômbia, no Chile e no Peru.

Outra frente está nos veículos autônomos, que, nas palavras de Driemeier, representam a obra prima da IA na indústria automotiva. “O deslocamento de carro autônomo tende a ser melhor, porque tem taxa de ocupação maior, ele se autogerencia”, apontou.

A jornada, contudo, para os veículos autônomos ainda é longa e demanda infraestrutura de conectividade e regulamentação, conforme explicou ao Convergência Digital durante coletiva de imprensa da Ford, Antonio Baltar Jr., diretor de marketing, vendas e serviços da Ford — leia matéria completa aqui.

Integração de tecnologias

Hoje a Ford Brasil tem como um dos pilares do seu modelo de negócio o desenvolvimento de tecnologia e de inteligência automotiva. No País, a montadora conta com uma estrutura completa para desenvolvimento e testes automotivos integrada a um time de engenharia local com capacidade para desenvolver veículos globais.

Criado há cerca de 40 anos, o Centro de Desenvolvimento e Tecnologia de Tatuí (antes conhecido como Campo de Provas) possui pistas e laboratórios que atendem a padrões e exigências mundiais e, agora, passa a adotar um nível superior de digitalização, fundamental para o desenvolvimento de veículos conectados, elétricos e autônomos, incluindo a instalação de antena 5G e sensoreamento das pistas para comunicação com os sistemas de direção autônoma. 

“Temos não apenas o Campo de provas com antena 5G, como estamos digitalizando o posto para testar funcionalidades do carro conectado. Temos um time de engenharia grande no Brasil trabalhando nesta tecnologia de ponta”, disse o executivo. Caminha-se para ter o veículo conectado a tudo, como infraestrutura da cidade e outros carros.

Luciano Driemeier ressaltou que a Ford não vai conseguir entregar a experiência do usuário que está desenhando sem a conectividade. “Cada vez mais, a relação com o cliente estará always on e isso vai integrar o nosso ecossistema. A IA ajuda a processar a quantidade enorme de dados que estamos recebendo, seja sobre o funcionamento do produto, seja do cliente, e ajudando a tomar a decisão assertiva”, detalhou.

A conectividade e a IA são grandes enablers para a experiência que a Ford vislumbra entregar. É, ainda, o começo de uma jornada que promete ser disruptora. “É uma longa jornada e estamos no começo, mas não é que estamos no começo porque não fizemos investimentos ou estamos pensando… isso já passou. Estamos no começo, porque ainda não colhemos nem um terço dos frutos do virão e ainda vamos colher muitos frutos.”

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