Inovação

IBGE vai medir uso de nuvem, aplicativos, robôs e streaming

O IBGE vai fazer ajustes na Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Brasil e Regional, Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) e Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), que terão novas séries históricas. As pesquisas passaram por atualizações na seleção da amostra de empresas, ajustes nos pesos dos produtos e das atividades, além de alterações metodológicas, para retratar mudanças econômicas da sociedade. 

“Dependendo das modificações da economia, é preciso fazer as atualizações e trazer mais para perto o ponto de referência de base de acompanhamento. No caso da PIM, é fácil compreender quando se consideram produtos que antes eram relevantes na produção industrial, mas deixaram de ser, e precisamos atualizar a cesta, parando de investigar a produção de máquinas de costura para investigar robôs industriais ou aparelhos de GPS”, explica o coordenador de Pesquisas Conjunturais em Empresas do IBGE, Flávio Magheli.

“No caso da PMC e PMS, as atualizações são relacionadas, por exemplo, às mudanças nos hábitos de consumo das famílias. Na PMS, há atividades que ganham participação, como as de empresas de delivery, de aplicativos de transporte, streaming de música e de filmes e armazenamento em nuvem. Se não atualizamos essas cestas e esses pesos, perdemos relevância dos indicadores, que passam a ser produzidos em bases defasadas”, diz o coordenador do IBGE. 

As séries históricas anteriores serão encadeadas com as novas, para formar séries temporais longas e consistentes. “É necessário atualizar o período base para adotar pesos que melhor reflitam as condições atuais, ou seja, com relação à tecnologia de produção e mudanças no padrão de consumo, para que se possa acompanhar a conjuntura com mais proximidade da realidade, produzindo indicadores de melhor qualidade”, completa Magheli.

Na PMS, o quantitativo da amostra definitiva contempla 11.124 empresas, enquanto na PMC a amostra final soma 5.653 empresas. Na PIM, a amostra contará com 8.596 empresas e 12.500 unidades produtivas locais. No caso da PIM, a amostra contará com 8.596 empresas e 12.500 unidades locais, ante 6.100 e 7.800 do modelo anterior, respectivamente, enquanto a quantidade de produtos pesquisados passará de 944 para 1.042 itens, sendo 789 para Brasil e mais 253 selecionados em função da relevância regional. As seleções das amostras, nacional e regional, são independentes. Alguns produtos não selecionados para o Brasil podem ser escolhidos para alguma unidade da federação ou região. Por esse motivo, o conjunto de produtos que fazem parte do índice nacional é inferior ao do total pesquisado.


A atualização foi feita a partir do cadastro de empresas e produtos produzidos pela Pesquisa Industrial Anual (PIA) Empresa e Produto de 2019, também realizada pelo IBGE e que permite a identificação das características estruturais da atividade industrial brasileira. “Embora não seja a última edição da pesquisa, optou-se pela PIA de 2019 devido ao fato de 2020 ter sido um ano atípico em decorrência da pandemia”, esclarece Magheli. Outra novidade é a inclusão de três novos locais: Rio Grande do Norte, Maranhão e Mato Grosso do Sul, estados que estão acima do corte estabelecido de valor de transformação industrial.

Quanto ao trabalho de encadeamento das séries antigas e novas, a referência da pesquisa em termos de ponderação passou de 2010 para 2019. Ou seja, o ano em que os pesos das atividades são utilizados nos cálculos dos índices passa de 2010 para 2019. O ano-base 2012 também está sendo substituído, por 2022.

“As séries divulgadas até dezembro de 2022 ficam congeladas e disponíveis no acervo do banco de tabelas estatísticas denominado “Sidra”, como séries encerradas. A partir de janeiro de 2023, vamos ter novas séries, encadeadas com as anteriores. Encadear significa buscar um vínculo entre as duas séries para não perdermos a série longa. O que muda são as cestas de produtos e os pesos relativos, mas os agregados permanecem os mesmos, e podem ser comparados”, reforça o coordenador.

Além do aumento de 944 para 1.042 produtos, houve ainda mudança de pesos e participação. Há produtos que saíram da cesta, como máquinas de costura, antenas, maionese, gravador ou reprodutor de sinais, goma de mascar, jornais impressos sob encomenda, discos fonográficos. Outros foram incluídos porque ganharam participação: desde refrescos, sucos e néctares de frutas prontos para consumo, peixes congelados e água de coco a aparelhos de GPS e robôs industriais.

“Os indicadores são os mesmos: número-índice e taxas de variação mês contra mês imediatamente anterior; mês contra mesmo mês do ano anterior; acumulado do ano, e acumulado dos últimos 12 meses. Em termos de metodologia, continua sendo o índice Laspeyres de base fixa”, completa o coordenador de pesquisas conjunturais. Ele observa que as atualizações são necessárias por causa das mudanças de padrões de consumo, da evolução da tecnologia de produção, da estrutura da economia ao longo do tempo e do desenvolvimento evolutivo aplicado no processo de produção dos indicadores conjunturais.

A última atualização realizada na PIM foi concluída em 2014, tendo como base as informações das Pesquisas Industriais Anuais de 2010. Naquela ocasião, passaram a ser investigados 944 produtos, sendo 805 para compor o indicador Brasil, em cerca de 7.800 unidades locais. Nos anos seguintes, foram sendo identificadas as principais necessidades por novas informações decorrentes de mudanças na economia e defasagem das bases amostrais.

* Com informações do IBGE

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