Inferno astral da IA generativa. CEOs pisam no freio na adoção
Estudo revela profunda preocupação com praticidade, segurança dos dados e outras implicações do uso da tecnologia, como a inconstância das respostas dadas no dia a dia.
Uma nova análise do Boston Consulting Group (BCG) mostra que 52% dos líderes em todo o mundo ainda desencorajam a adoção de inteligência artificial generativa por seus colaboradores. De acordo com a consultoria, as principais preocupações que levam a esse comportamento têm relação com a rastreabilidade limitada da ferramenta, potenciais erros para a tomada de decisões, falta de competências e incertezas quanto à segurança de dados.
A pesquisa do BCG foi realizada com mais de dois mil executivos de empresas globais, em mais de 20 setores de atuação, e a principal descoberta foi em relação à maturidade: em negócios mais iniciantes na adoção da inteligência artificial, a rejeição passa dos 50%. Empresas mais maduras digitalmente têm maior aderência à tecnologia, mas são minoria – 3% dos respondentes afirmaram que a IA generativa agrega valor ao negócio e já usam ferramentas com a tecnologia no dia a dia.
“Toda inovação exige cautela antes de ser aplicada nos processos do negócio e, nesse caso, não é diferente. Apesar disso, é importante que as empresas compreendam suas dificuldades e tracem um plano de ação para, principalmente, manterem um nível competitivo”, afirma Santino Lacanna, sócio e líder da prática de pessoas e organizações do BCG.
Uma das maiores preocupações ouvidas pelo BCG por mais de 80% dos entrevistados é sobre a própria tecnologia, como a rastreabilidade limitada e a inconstância nas respostas dadas pela ferramenta. Essas são questões que podem atrapalhar a tomada de decisões ou resultar em implicações jurídicas. A segurança de dados e o acesso não autorizado a informações são outros pontos de atenção para líderes que desencorajam o uso de GenIA.
“Alguns entrevistados afirmaram ter receio de usar a ferramenta e colocar em risco as informações sobre seus clientes. A implementação de um sistema de criptografia e controles de acesso aos dados podem resolver essas questões, mas investir em treinamento e em uma cultura de conscientização em segurança digital é essencial”, afirma Santino.
O BCG também identificou quais os principais desafios relatados pelas empresas entrevistadas. Mais de 80% citaram a falta de um roteiro estratégico e de governança de IA generativa como principais barreiras, e mais de 70% disseram não ter acesso à talentos especializados na tecnologia.
Apesar do cenário geral um pouco negativo, a pesquisa revelou, ainda, as qualidades da IA generativa que são valorizadas pelos executivos entrevistados. A maioria dos líderes está otimista quanto ao potencial de retorno sob investimento da GenIA, e pareceram confiantes em relação à qualidade e disponibilidade de dados que possuem para sustentar e permitir o uso da tecnologia em seus negócios.