Mapa de startups mostra que 70% dependem de recursos públicos
Subvenção e investimentos anjo constituem 70% do financiamento para ecossistema
O apoio público surge como um pilar essencial para o desenvolvimento das startups deep techs brasileiras, conforme evidenciado pelo “Relatório Inédito das Deep Techs”. Mais de 70% dessas startups que captaram valores acima de R$ 5 milhões contaram com recursos públicos.
Segundo Fernando Peregrino, chefe de gabinete da Finep, programas de subvenção e investimentos anjo constituem cerca de 70% do financiamento para esse ecossistema, essencial para enfrentar os altos riscos de desenvolvimento dessas tecnologias.
O estudo mapeou 875 deep techs no Brasil, concentradas principalmente em São Paulo, que abriga 55% dessas empresas, e no Sudeste, onde estão 67% das startups. As biotechs se destacam como o maior setor, com atuação relevante em áreas como saúde e agronegócio.
Segundo Daniel Pimentel, cofundador e diretor da Emerge, essas startups são caracterizadas por basearem-se em avanços científicos e estarem focadas em solucionar desafios globais como mudanças climáticas, segurança alimentar, energia limpa e Inteligência Artificial. “As deep techs pressupõem o risco como base de ação”, afirmou, ressaltando o potencial dessas startups para transformar setores e criar novas indústrias.
Fernando Peregrino complementou que é essencial que as deep techs sigam missões estratégicas, alinhadas com as diretrizes da Nova Indústria Brasil, política de neoindustrialização do Governo Federal que incentiva a conexão entre universidades e mercado, além de priorizar investimentos setoriais estratégicos. No entanto, o maior desafio dessas startups ainda é comprovar a viabilidade de suas tecnologias, um fator crítico para 70% delas, segundo o relatório. “O ideal é um ecossistema robusto, com apoio para cientistas e empresas, orientando pesquisas e mercado a partir de demandas específicas”, defendeu Peregrino.
O seminário contou também com a presença de André Godoy, da ABDE, e Luiz Davidovich, assessor da Finep e ex-presidente da Academia Brasileira de Ciências, que sugeriu que as deep techs devem antecipar demandas futuras, em vez de seguirem apenas as necessidades imediatas do mercado. Para Pimentel, as deep techs representam uma grande oportunidade para fundos de Venture Capital e Corporate Venture Capital, com modelos de negócios voltados para a venda direta de tecnologias ou licenciamento para grandes indústrias, o que gera oportunidades de investimento atrativas e eficientes.
Ao ser questionado por Mauricio Neves, do BNDES, sobre instrumentos de apoio, Pimentel reforçou a importância de um planejamento de negócios bem definido para cada fase do desenvolvimento das deep techs. “Entender a natureza do recurso para cada etapa maximiza as chances de sucesso”, aconselhou.
A mensagem final ressaltou o papel das deep techs na agenda climática global. “As demandas biotecnológicas oferecem grandes possibilidades para que possamos liderar essa agenda”, concluiu Pimentel, destacando o potencial dessas startups em responder aos desafios da economia verde.