Marco Civil de IA está indo rápido demais no Brasil
O Marco Civil da Inteligência Artificial está tramitando de forma muito acelerada no Congresso Nacional, o que pode causar problemas, advertiu Dora Kaufman, professora do Programa de Tecnologias e Design da PUC. Favorável a uma regulamentação para essa área, ela não concorda com o “açodamento” com que o tema vem sendo tratado pelos parlamentares. O Projeto de Lei 21/20 teve sua primeira audiência pública realizada em julho e já foi votado pela Câmara dos Deputados em setembro.
Para ela, trata-se de um tema amplo que merece ser tratado com mais atenção, os estudos sobre o impacto da tecnologia na sociedade precisam ser mais bem estudados e ainda há implicações que somente agora começam a ser levantadas. Como exemplo, ela citou que na Europa o marco regulatório de IA começou a ser analisado em 2018 pela Comissão Europeia e, até hoje, tem desdobramentos para sua regulação.
A especialista ressaltou que uma questão importante que diz respeito à IA são as desigualdades incluídas em seu contexto. “Há desigualdade entre países. EUA e China estão muito mais avançados que os demais, há desigualdades entre empresas, e há desigualdades entre pessoas na forma de acesso”, observou.
Na relação empresarial, as Big Techs são as principais geradoras de dados que serão transformados em matérias-primas para o estabelecimento de negócios, o que lhes dá vantagens competitivas. Para aqueles que não desenvolvem internamente soluções de IA e precisam comprar as informações, os riscos podem ser maiores, pois essas situações fogem do seu controle.
Tania Cosentino, presidente da Microsoft Brasil, acredita que os desafios para a adoção de IA são muitos, mas as oportunidades são enormes. Ela lembrou a pesquisa realizada pela empresa no país que projeta um crescimento de quatro pontos percentuais no PIB com o cenário econômico que pode ser explorado a partir do uso da plataforma, principalmente com a integração com IoT (Internet das Coisas), que pode levar a até 250 bilhões de dispositivos conectados até 2025.
Ao mesmo tempo, a executiva chamou atenção para o gap na formação de profissionais especializados nesse mercado. Os cálculos mostram que atualmente há um deficit de 400 mil especialistas, que aumenta cerca de 100 mil anualmente.