Inovação

OAB-SP: 55% dos advogados usam IA generativa

Produtividade é o maior ganho, mas categoria teme viés algorítmico e riscos à privacidade

Um estudo realizado pela OAB-SP, Trybe, Jusbrasil e ITS Rio com 1,5 mil respondentes indica que 55,1% dos advogados no Brasil utilizam ferramentas de inteligência artificial generativa em suas rotinas profissionais. A pesquisa, com 1,5 mil participantes, mapeou como a tecnologia está transformando o setor jurídico, impulsionando produtividade e eficiência, mas também expondo desafios como questões éticas e necessidade de capacitação.

Segundo a pesquisa, 78% dos respondentes usam IA pelo menos uma vez por semana e apontam como principais ganhos são a redução de tempo em tarefas repetitivas, como análise e resumo de documentos; melhoria na qualidade de peças jurídicas e aumento da eficiência na pesquisa de jurisprudência e doutrina. A maior adoção se dá entre profissionais do setor público (63%) e advogados de escritórios privados (62%). Entre advogados autônomos, a proporção é de 50%.

A amostra, coletada por diferentes canais das entidades organizadoras, não é estatisticamente representativa nacionalmente pois admite viés geográfico, uma vez que mais da metade dos advogados do país se concentra no Sudeste. Além disso, a pesquisa se concentrou em pessoas já engajadas com tecnologia. Mas, segundo a OAB-SP, os dados refletem tendências alinhadas ao perfil da advocacia brasileira, conforme estudo demográfico da OAB Nacional e FGV (2023).

O levantamento também identificou diferentes perfis de profissionais em relação à IA Generativa, entre eles os usuários frequentes, que utilizam a tecnologia semanalmente; os profissionais sem ou com pouca adesão; além da identificação de perfis entusiastas, céticos e neutros em relação à tecnologia. Além disso, a maioria dos participantes tem mais de 35 anos (85%) – no qual 27,7% tem entre 45 e 54 anos, seguida pelos grupos de 35 a 44 anos (23%) e 55 a 64 anos (21,6%) – e está concentrada nos grandes centros urbanos. Em relação ao gênero, 56% dos respondentes são homens e 43% são mulheres.

O estudo também identificou preocupações com o uso da tecnologia. Nada menos que 45% dos usuários frequentes temem vieses em algoritmos e subjetividade na análise de dados; 39% destacam riscos à privacidade e segurança e 32% apontam resistência cultural como barreira à adoção.
“O advogado não será substituído pela IA, mas perderá espaço para quem dominar a tecnologia. Paradoxalmente, isso tornará a profissão mais humana”, avalia o presidente da OAB-SP, Leonardo Sica.


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