Pix ainda tem que conquistar o crédito
Em debate no MobiMeeting, executivos da área financeira ressaltaram que o sistema instantâneo precisa cruzar novas fronteiras.

Impulsionadas pelo Pix, 72 bilhões de transações de pagamento foram registradas no primeiro semestre de 2025, de acordo com o Banco Central. No primeiro semestre de 2025, em comparação ao mesmo período do ano anterior, as transações Pix aumentaram 27,6%, atingindo 36,9 bilhões no período. O Pix é responsável por 50,9% do total de pagamentos no Brasil.
Ao completar cinco anos, o Pix chega à fase construção de modelos de negócios e inserção em soluções já existentes, indo além de ser um meio de pagamento e passando também a ser trilha de liquidação de transação. “Em transferência, Pix já está consolidado. Área de crédito é o próximo caminho de sucesso, fonte de receita e movimento do ecossistema”, disse o presidente da Matera, Ricardo Chisman, dando como exemplo formas de se negociar os recebíveis do Pix parcelado.
O tema foi discutido em um painel no MobiMeeting, na terça, 11/11. Atualmente, a área de crédito, tipicamente, se concentra em usar cartão ou algum modelo que o vendedor ofereça. “Quando você abre outro mecanismo que você pode escolher o formato do crédito, você abre outro lado do ecossistema que não existe hoje e traz poder para a mão do consumidor”, completou o presidente da Matera.
Para o diretor-executivo de wallet e banking do PicPay, Pedro Romero, o grande motor do varejo é ter acesso ao crédito. Depois de Pix e open finance terem padronizado a experiência do usuário, ele aposta no modelo ‘compre agora, pague depois’ (BNPL, na sigla em inglês) no checkout de comércio eletrônico. “A junção de Pix com open finance vai trazer uma nova alavanca para população como todo e também mais conversão e mais vendas. Entrada do crédito nos trilhos de Pix e open finance é o que mais terá impacto”, disse Romero, do PicPay.
Para tudo funcionar, Natacha Litvinov, líder de parcerias de pagamentos e shopping na América Latina do Google, frisou que uma das características mais importantes foi a instituição da jornada sem direcionamento (JSD). “Ficou nos bastidores, mais como um fundamento discutido que, para nós, foi fundamental. Olhando para o futuro, o roadmap para open finance e crédito tem potencial gigantesco para substituir uns canais e também criar outros”, apontou a executiva.
Reforçando o coro de crédito, Dione Cordioli, executiva de meios de pagamentos e serviços do Banco do Brasil, assinalou que a modalidade é muito forte, principalmente, ao incluir o Pix parcelado para o pagador ter opção de escolha. “É dar a possibilidade de ele optar no momento do pagamento o que foi melhor para ele: cartão de crédito, usar crédito do lojista, parcelar no CDC (Crédito Direto ao Consumidor). A gestão financeira para o pagador é muito importante e ela se converte na jornada sem direcionamento. Hoje, a oferta com o que você vai pagar é do recebedor e passará para ser decisão do pagador. E para PJ vai ser muito o crédito, porque ele vende e precisa da antecipação”, disse.
Na Cielo, cujo cliente é sempre o estabelecimento, conseguir antecipar no dia zero (D0) faz diferença — e é possível pela existência do Pix. “Isso traz serviço adicional para o estabelecimento e o segundo ponto é que com JSD você tem o Pix na wallet com possibilidade de fazer pagamento por aproximação”, contou o vice-presidente-executivo de tecnologia e negócios, Carlos Alves. O parque da empresa soma 1,1 milhão de maquininhas, apontou que existe uma dominância muito importante do Pix em transações abaixo de R$ 120 reais.
A inclusão do Pix nas carteiras eletrônicas foi outro passo fundamental na jornada Pix. “Quando pensamos em soluções de pagamento do Google, que é a carteira e o botão que encontramos quando navegamos, primamos por experiência, conveniência e segurança, que é a pauta de pagamentos de modo geral. No Brasil, precisa ter estratégia que inclua o Pix”, explica Natacha Litvinov.
Ela ressaltou que o Google não quer saber o saldo do cliente; por isso, contar com infraestrutura que permita oferecer serviço sem precisar fazer parte do fluxo financeiro da operação foi fundamental — e alcançado com open finance.





