Quase 200 programadores criam algoritmo para localizar vítimas de Brumadinho
Em pouco menos de 48 horas, 194 desenvolvedores estão trabalhando para aperfeiçoar um algoritmo – em código aberto – que por meio da latitude da pessoa desaparecida correlaciona o sinal do celular com o fluxo da lama despejada na região. “As operadoras têm os dados, mas têm restrições para repassa-los, mas elas podem usar nosso algoritmo, criado a partir de uma demanda da equipe de gerenciamento de crise da Vale”, diz Diego Oliveira, da BirminD, responsável pelo código do algoritmo.
A startup foi uma das 150 empresas que atendeu a convoccação feita pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) para ajudar nas ações de resgate em Minas Gerais. O algoritmo permanecerá aberto e o objetivo é crfiar uma aplicação nacional, baseada em código aberto, para ser usada em tragédias de grande porte. Outras startups também aderiram ao apelo da ABDI.
Uma delas é a Nong, que atua com serviço de monitoramento por drones. “A partir das fotos, nós geramos vários mapas. Com essas informações, podemos calcular a declividade do terreno e entender todo o relevo. Em uma operação de resgate, conhecer a declividade é fundamental, podemos direcionar a melhor entrada e como andar no terreno”, conta Gabriel Postglione. As câmaras multiespectrais, embarcadas nos drones, permitem o desenho preciso do terreno. Segundo Postiglione, os equipamentos também poderiam ajudar na visualização do local. “As câmeras, voando a 200 metros, conseguem observar, com boa resolução, objetos à cinco centímetros do chão”, relata.
Uma outra startup disponibilizou tecnologia para limpeza da água. A O2eco já aplicou a solução no Rio Doce depois do rompimento da barragem de Mariana, em 2015. “Colocamos uma placa de cera com nano minerais. A placa estimula a criação de bactérias que propiciam a limpeza do rio”, explica o sócio fundador da startup, Joel de Oliveira Junior.
Com o uso da tecnologia, uma bactéria que se reproduz 8 mil vezes a cada dez horas, passa a fazer esse mesmo processo 8 milhões de vezes no mesmo período. “A solução acelera um processo natural. No Rio Doce, o alumínio teve uma queda de presença na água em 82%, depois de cinco semanas”. O processo de limpeza começa a dar resultado aproximadamente cinco semanas depois da colocação das placas. A vida útil da tecnologia, aplicada em um rio, é de três a nove meses.
De acordo com a ABDI, todas as informações vindas pelas startups estão sendo compiladas e repassadas para as autoridades competentes. “Estamos apelando ao espírito solidário do nosso ecossistema de empreendedorismo e inovação para um verdadeiro mutirão cívico de ajuda à cidade de Brumadinho”, completa Guto Ferreira.
*Com informações da ABDI