Inovação

Robôs viram os novos fiscais do Governo

Órgãos de controle e fiscalização estão na vanguarda do uso de robôs na administração pública federal. Como demonstrado durante um dia inteiro de discussão sobre iniciativas já em curso promovido pelo Tribunal Superior Eleitoral, o uso de inteligência artificial está na rotina da Controladoria Geral da União, do Tribunal de Contas da União e mesmo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, Cade.

“O Orçamento federal é muito grande, não dá para analisar tudo no olho. Usamos sistemas preditivos para indicar rubricas mais críticas, aquilo que parece suspeito, que precisa ser auditado. É um trabalho de filtro para maior eficácia do recurso que é o auditor federal”, explicou Thiago Marzagão, do Observatório da Despesa Pública do CGU.

Lá, o uso de IA amadurece em três projetos. Os sistemas preditivos ajudam a indicar se determinado servidor público merece uma investigação mais detalhada diante da existência de indícios de corrupção, se há risco na contratação desta ou daquela empresa em uma certa compra pública, e até mesmo para medir a probabilidade de real existência de uma pessoa jurídica para disputar licitação.

No TCU, o robô mais notório é Alice, que faz a varredura diária de licitações e editais em busca de brechas para irregularidades. Assim como na CGU, a lógica é dar eficiência ao que tomaria muito tempo e restringiria o universo de editais fiscalizados caso permanecesse o sistema manual. A Corte de Contas também usa inteligência artificial para evitar erros internos, por meio da análise de acórdãos e decisões a partir do cruzamento de 80 bases de dados da administração federal.

No Cade, o projeto Cérebro também analisa uma vasta gama de informações em busca do que pode indicar práticas anticompetitivas. “Ao contrário do que as pessoas imaginam, é muito difícil caracterizar a existência de um cartel, é difícil obter provas diretas. Mesmo o comportamento dos preços sozinho não caracteriza. Mas é possível identificar anomalias estatísticas relacionadas a necessidade de coordenação dos agentes econômicos em conluio”, revelou Bruno Garcia, da superintendência geral do Cade.


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