Abranet: conceito de ‘pequeno’ da Anatel desconsidera realidade da Internet
O crescimento dos acessos à internet no Brasil é puxado pelo que se convencionou a chamar de ‘pequenos provedores’. Em “anatelês”, isso significa as empresas com menos de 50 mil clientes – conceito que inclusive está sendo alterado. Mas como destacou a Abranet ao participar do seminário Conecta Brasil 2018, realizado nesta sexta, 28/9, na sede da Anatel, criar um critério único para definir esse universo de ‘pequenos’ implica em desconsiderar gigantescas diferenças entre os próprios.
Ao destrinchar os números do mercado, a Abranet mostrou que dos 6.043 prestadores de Serviço de Comunicação Multimídia com registro na Anatel, 1.369 não tem qualquer acesso, 1.132 somam no máximo 100 clientes, enquanto outros 1.622 somam de 100 a 500 conexões. Ou seja, no mundo dos pequenos provedores, 68% atendem no máximo 500 clientes. Outros 29%, ou 1.747 provedores, contam até 5 mil acessos. Vale dizer que 97% dos pequenos estão aí, com no máximo 5 mil clientes.
“Esse é um segmento que evolui com dificuldade. Quanto mais aproxima dos 5 mil, fica mais difícil. São operadoras que tendem a tentar sobreviver no mercado, mas não têm porte ou recursos para se manter em uma operação muito sofisticada. O que podemos chamar de casos de sucesso são aquelas que têm entre 5 mil e 50 mil acessos. Mas elas representam apenas 158 empresas. É, no entanto, o grupo que a Anatel tem que tomar cuidado de não atingir muito fortemente com a regulação”, destaca o representante da Abranet, Edmundo Matarazzo.
O alerta é para que a agência perceba que dentro do caldeirão do ‘prestador de pequeno porte’, como é a nova nomenclatura regulatória, há um universo de disparidades. “O primeiro desafio é entender do que é a gente está falando quando quer tratar dos prestadores de pequeno porte. Não tem como classificar todos da mesma maneira. Temos empresas que trabalham com micromercados, microrregiões. Quando se fala de uma empresa de 50 acessos, ela esta num pedaço de bairro, pode ser um único prédio. São tipicamente operações de nicho totalmente dependentes de fornecedores. Dificilmente serão elas que vão construir backhaul ou fibra óptica”, diz Matarazzo.
Do universo dos provedores de SCM, a conta é de que apenas 15 empresas têm mais de 50 mil acessos (0,25% do total), e apenas 4 somam mais de 1 milhão – e aqui já entram as grandes do mercado, como Net, Telefônica ou Oi. Parte do alerta diz respeito àquele cuidado que a Abranet entende necessário com o grupo que hoje reúne não mais de 158 provedores. “O mercado começa a falar de consolidações, de se apropriar dos benefícios daqueles que já desbravaram pedaços que não estavam desbravados. Então, o que pode acontecer é consolidar e esse numero de 158 ficar ainda menor nessa fatia de mercado”, destaca.